São Paulo, quarta-feira, 30 de maio de 2007

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Canastra embaralha Roberto e sul dos EUA

Entre a jovem guarda, o rockabilly e a dixieland, banda carioca, agora envenenada pela adição de metais, lança 2º CD sem farofar

Divulgação
A banda Canastra, do Rio de Janeiro, que lança seu segundo álbum pela revista Outra Coisa


MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Seis caubóis cariocas, metidos em camisas estampadas, estacionam seu chevette vermelho na porta de um saloon para dar as cartas de um baile onde topetes são bem-vindos. Assim é a banda Canastra, se o som puder ser bem descrito em palavras, em seu segundo disco, "Chega de Falsas Promessas", encartado na revista Outra Coisa -aquela do Lobão.
A principal novidade do disco novo é a incorporação de um naipe de metais (não contratado), que solidifica a sonoridade de big band com que a banda sempre mostrou afinidade. Aditivado, o sexteto consegue dirigir entre o surrado rockabilly e a dixieland do Alabama, com um cantor inspirado no Roberto Carlos da jovem guarda e uma ou outra melodia de leve acento sambista, sem resultar em farofada típica dos "caldeirões sonoros".
"Nem sei se a gente é mesmo uma banda de rock", afirma Renato Martins, 34, vocal, guitarra e principal compositor. "A gente buscou esses sons "vintage", mas sem purismos, sem aquela fixação de usar aquele amplificador valvulado, porque também somos modernos." É rock, sim. Herdeiro de bandas seminais, como Acabou La Tequila e a Big Trep, e muito bem ancorado pelo pulsante contrabaixo acústico do topete vistoso de Edu Vilamaior e as sarcásticas e bem-humoradas letras de Renato. Como a calhordice educada de "Miss Simpatia" e a desesperança hilária de "Motivo de Chacota".
Completam o time Fernando Oliveira (guitarra/trompete), Marcelo Callado (bateria), Fernando Magdaleno (sax) e Marco Serra Grande (trombone). Se o primeiro disco se chamava "Traz a Pessoa Amada em 3 Dias", aludindo às propagandas de charlatães esotéricos, no segundo a banda volta a salpicar uma frase do imaginário popular -desta vez político- para nomear a mistura de sons da "primeira metade do século 20", segundo eles mesmos.
"Nunca tinha reparado que a gente estava virando uma banda de slogans", afirma Renato, achando graça. "O título do segundo era uma brincadeira que a gente fazia entre nós, e parecia uma resposta ao primeiro." A adoração por Roberto Carlos, no entanto, não o impede de criticar a atitude do ídolo, que ganhou na Justiça o direito de vedar ao público a biografia não-autorizada "Roberto Carlos em Detalhes", do historiador Paulo César de Araújo. "Não sei se é uma pisada na bola dele ou do país, que aceita que isso aconteça. O que está acontecendo é que alguém com muita grana chega e diz: "essa história só pode ser contada do meu jeito'", diz Renato.

CHEGA DE FALSAS PROMESSAS
Artista:
Canastra
Gravadora: Outra Coisa
Quanto: R$ 15,90
Avaliação: ótimo



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