Kurt Masur, 1º regente da Filarmônica de Londres, leva 3 peças conhecidas do grande público ao Teatro Alfa hoje

OSB toca Wagner, Schubert e Dvorak em apresentação única regida pelo maestro, também diretor musical da Orquestra Nacional da França

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O maestro alemão Kurt Masur, 79, regerá hoje a OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira) no Teatro Alfa, em São Paulo, com três peças no programa bastante conhecidas do grande público: a abertura da ópera "Os Mestres Cantores de Nürenberg", de Richard Wagner, a "Sinfonia nº 8" (Inacabada) de Franz Schubert e a "Sinfonia nº 9" de Antonin Dvorak.
É um repertório arquigravado, em que o veterano regente poderá novamente colocar em relevo seus imensos diferenciais. Eles já estão presentes em gravações feitas por Masur dessas mesmas partituras. A sinfonia de Dvorak ("O Novo Mundo"), por exemplo, está em CD de 1991. A de Schubert, em outro, de 1998, ambos com a Filarmônica de Nova York. Há como sempre um rigor intenso de leitura, que deixa as peças mais translúcidas. Masur é feito da matéria-prima da velha escola germânica e continua a ser um dos maiores de sua geração.
O maestro terá sob seu comando uma orquestra que se reergue, depois que, há dois anos, passou a ter Roberto Minczuk como diretor-artístico. É o mesmo concerto que Masur fez na última sexta-feira, no Teatro Municipal do Rio. Masur e a OSB têm um longo relacionamento. Em 1970 ele a regeu como maestro convidado. Acabava de assumir a direção da Gewandhaus de Leipzig, na então Alemanha Oriental.
Voltou quatro anos depois ao Rio, quando conheceu sua atual mulher, violista justamente da Sinfônica Brasileira. Foi como regente da Gewandhaus, que se apresentava em Nova York, que ele contratou para seu naipe de trompas um jovem instrumentista brasileiro que terminava sua formação na Julliard. Era Roberto Minczuk, que, já como maestro, foi assistente de Masur na Filarmônica de Nova York. Minczuk convidou o maestro alemão há dois anos para reger a Orquestra Acadêmica do Festival de Inverno de Campos do Jordão.
Quando Minczuk era o segundo regente da Osesp, Masur a dirigiu por duas oportunidades, em 2001 e 2003. Foram com certeza as mais tensas "Sinfonia nº 5" de Beethoven e "Sinfonia nº 4" de Brahms que a orquestra já interpretou.
Masur é, desde 2000, o primeiro regente da Orquestra Filarmônica de Londres e, desde 2002, diretor musical da Orquestra Nacional da França. Ele completará 80 anos em julho. Minczuk completou 40 em abril. Os dois aniversários foram comemorados no último sábado, num dos salões do Copacabana Palace, no Rio.