Em duas apresentações por noite, cantor interpreta Tom, Caymmi e outros

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um Milton Nascimento intimista, fazendo shows para apenas 200 pessoas por vez, é cena raríssima. Pois quem se dispuser a pagar pelo menos R$ 200, entre hoje e domingo, poderá testemunhá-la no Tom Jazz, onde o cantor se apresenta, em dois sets por noite, ao lado do Jobim Trio.
A minitemporada faz parte da turnê de lançamento de "Novas Bossas", CD que tem o repertório de Tom Jobim como eixo, mas não se resume a ele. Há, por exemplo, "O Vento", de Dorival Caymmi, e "Medo de Amar", de Vinicius de Moraes.
"Muita gente não sabe que o Vinicius era um excelente melodista, que podia ser tão bom quanto o Tom", afirma Milton, que tem feito esse elogio nos shows, iniciados em março.
O encontro com o Jobim Trio é, na verdade, um reencontro -ou o prosseguimento de um encontro constante. O cantor é amigo do baterista Paulo Braga desde o início dos anos 60, quando eles e Wagner Tiso formavam o Berimbau Trio em Minas. O violonista Paulo Jobim, outro amigo antigo, o acompanhou na turnê do disco "Clube da Esquina 2" (1978), na qual carregava seu filho Daniel, hoje pianista do Jobim Trio -o baixista Rodrigo Villa participa como convidado.
"Nós nos entendemos muito bem. Os arranjos foram saindo naturalmente, à medida que a gente ensaiava", conta Braga. O entrosamento facilitou a recriação de clássicos jobinianos como "Chega de Saudade", e "Inútil Paisagem" e a redescoberta de temas pouco lembrados do maestro, como "Esperança Perdida" e "Velho Riacho". Também ganharam novos ares sucessos de Milton como "Fé Cega, Faca Amolada".