"Eu crio roupas para mulheres educadas, que não estão preocupadas apenas em serem mulheres, mas se interessam por outras coisas do mundo e da vida", afirma o estilista-artista Hussein Chalayan.
Na entrevista a seguir, feita na Cidade do México, ele afirma que o futuro das roupas está na pesquisa tecnológica e conta que gostaria de visitar o Brasil.
"Na minha imaginação, é um país que abriga toda a multiplicidade do mundo", diz.

 

FOLHA - A idéia de risco é importante para você?
CHALAYAN - Sim, mas no sentido de buscar o intangível, o desconhecido.

FOLHA - Na sua opinião, qual é a diferença entre arte e moda?
CHALAYAN - A principal é que a moda é um processo industrial, que cria produtos que você vai poder usar e carregar consigo. A arte pode ser qualquer coisa, não tem limites. Ela pode, inclusive, criar algo que você usará, mas não necessariamente.

FOLHA - É possível fazer arte na moda?
CHALAYAN - Sim, claro, dependendo de quão poético você é. Os melhores designers tentam ser poéticos em seu trabalho.

FOLHA - Você também tenta ser poético com suas roupas?
CHALAYAN - Não tento, eu sou assim, naturalmente. É minha maneira de olhar o mundo.

FOLHA - O que você acha da moda atual?
CHALAYAN - Nada me excita muito. Os estilistas parecem apenas recombinar os ingredientes do passado.

FOLHA - Como escapar do passado? Qual é o futuro da moda?
CHALAYAN - É a tecnologia.

FOLHA - Para quem você cria?
CHALAYAN - Para mulheres educadas, que não estão preocupadas apenas em serem mulheres, mas se interessam por outras coisas do mundo e da vida.

FOLHA - O que vem à sua mente, quando ouve a palavra "Brasil"?
CHALAYAN - Um "melting pot", com todas as formas de humanidade reunidas num só espaço. Não conheço o Brasil, mas na minha imaginação é um país que abriga toda a multiplicidade do mundo.