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CRÍTICA
'Indochina' é épico
JOSÉ GERALDO COUTO
especial para a Folha
"Indochina", dirigido por Régis
Wargnier, é um épico romântico
com todos os ingredientes de um
"E o Vento Levou", só que narrado à maneira francesa, ou seja,
com um ritmo mais contemplativo e mais tempo para a introspecção.
A história se passa na Indochina
dos anos 30 aos 50, quando os ocupantes franceses da região (hoje
Vietnã) se viam às voltas com os
movimentos de independência locais.
A guerra de independência será o
pano de fundo de toda a ação, centrada numa mulher, a grande proprietária de terras francesa Eliane
(Catherine Deneuve), que, de início, tenta manter sua fleuma européia em meio ao caos reinante,
mas que acaba colhida pela turbulência de seu próprio drama familiar.
A situação se complica quando
sua filha adotiva, Camille (Lin Dan
Pham), se apaixona pelo mesmo
homem que ela, o galante oficial
da marinha francesa Jean-Baptiste
(Vincent Perez, de "A Rainha
Margot").
Para completar, Jean-Baptiste
tem a obrigação de defender o domínio francês na região, enquanto
Camille se envolve com os rebeldes
pró-independência.
No jogo entre o privado e o político, entre o pessoal e o histórico, é
que o filme busca seu ponto de
equilíbrio. Em alguns momentos é
bem-sucedido, em outros nem
tanto.
O que há de interessante o tempo
todo é a atuação de Catherine Deneuve, que aos poucos se despe da
máscara de frieza que sempre a
marcou e se torna frágil, descomposta -enfim, humana.
Não foi por acaso que ela foi indicada ao Oscar de melhor atriz
por esse trabalho (perdeu para
Emma Thompson, de "O Retorno
a Howards End").
Outros dois aspectos se destacam nessa produção francesa de
US$ 21 milhões (uma das mais caras até então): a atmosfera de opulenta decadência que envolve os
franceses ricos da Indochina e o
bom aproveitamento da paisagem.
O filme, aliás, foi rodado em locações no próprio Vietnã -coisa
que quase nunca aconteceu com as
produções norte-americanas sobre a região, rodadas geralmente
nas Filipinas.
O mundo em convulsão retratado em "Indochina", no ocaso da
dominação francesa e antes da intervenção americana, pode ser visto como um preâmbulo ao inferno
da Guerra do Vietnã, que deixou
marcas tão traumáticas nos EUA e
em seu cinema.
Por todas essas circunstâncias,
"Indochina" ganhou o Oscar de
melhor produção estrangeira de
1992.
Filme: Indochina
Produção: França, 1992
Direção: Régis Wargnier
Com: Catherine Deneuve, Lin Dan Pham,
Vincent Perez, Dominique Blanc
Lançamento: Videoteca da Folha
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