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POLÍTICA CULTURAL
Emenda polêmica de Marcos Mendonça cria novo tipo de administração para instituições culturais
Osesp pode ser primeira organização social
PATRICIA DECIA
da Reportagem Local
A Orquestra Sinfônica do Estado
de São Paulo (Osesp) pode ser a
primeira instituição cultural a se
tornar organização social (OS),
administrada por empresa privada
sem fins lucrativos, com menor
participação do Estado.
A proposta é de Marcos Mendonça, deputado estadual (PSDB),
ex-secretário de Estado da Cultura
e autor da emenda polêmica que
incluiu a cultura num projeto de
lei inicialmente destinado à criação de OSs na área da saúde.
A emenda foi aprovada pela Assembléia Legislativa na quarta-feira, por 51 votos contra 22, e é alvo
de muitas críticas, tanto em relação ao seu conteúdo quanto aos
procedimentos da aprovação.
Para começar, a emenda foi rejeitada pelo relator do projeto, deputado Milton Flávio (PSDB), por
conter um "vício de iniciativa".
Segundo ele, de acordo com a
Constituição, emendas desse tipo
teriam de vir do Poder Executivo.
Assim, o texto aprovado seria inconstitucional.
"A emenda do Marcos Mendonça introduz uma nova iniciativa e isso muda o objeto inicial do
projeto. Antes de avaliar o mérito,
acredito que seria preciso de nova
iniciativa do Executivo para esse
tema", afirmou.
Outro ponto polêmico é a ausência de dispositivos específicos à
cultura nos artigos da lei. "Embora tenha existido a preocupação de
dar à emenda uma conformação
que não criasse dificuldades ao
objetivo inicial, é possível que elas
existam", disse.
Além disso, o texto foi aprovado
sem que o assunto fosse discutido
em audiências públicas ou por comissão especial de avaliação para
estudar seu impacto.
A oposição também é contra a
aprovação da emenda. O deputado Cesar Callegari (PSB) diz que a
criação de organizações sociais
para a cultura é "uma forma disfarçada de privatização".
"Isso é um verdadeiro atentado
com consequências gravíssimas,
na medida em que instituições como o Arquivo do Estado, a Pinacoteca e a Fundação Padre Anchieta, por exemplo, passarem a
ser presididas pela lógica da captação de recursos", afirmou.
Segundo Callegari, já estão sendo estudadas medidas legais para
barrar a entrada em vigor da lei.
"O próprio relator considerou a
emenda inconstitucional. Se o governador não vetar a emenda, vamos entrar com ação de inconstitucionalidade", afirmou.
Marcos Mendonça rebate as críticas dizendo que essa é uma "visão atrasada sobre a questão, posição de deputados do PT, PSB e PC
do B, que acham que cultura deve
pertencer ao Estado".
"Acho que isso vai ser uma revolução na área cultural em São
Paulo e no Brasil. O Estado deixa
de ser o executor das políticas para
ser o proponente", afirmou. Segundo ele, os corpos estáveis, como orquestras, e os museus seriam os principais beneficiados.
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