São Paulo, sábado, 30 de maio de 1998

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"Fidelio' fala de liberdade

especial para a Folha

Disse Romain Roland: "Através de "Fidelio', Beethoven se tornou o Ésquilo da Revolução Francesa".
De fato, "Fidelio" é fruto da época napoleônica. Ele começou a compor a ópera em 1808, junto com a "Sinfonia nº 3 op. 55", que pretendia dedicar a Napoleão.
Trata-se da única ópera de Beethoven, que levou mais de dez anos para compô-la, e é uma obra "sui generis" em toda a sua produção musical.
O libreto, baseado na peça de Jean Nicolas Boully, trata da libertação de um prisioneiro por sua esposa, que consegue se infiltrar entre os carcereiros.
A referência ao momento político que Beethoven estava vivendo é óbvia, e o coro dos prisioneiros libertados, que vêem a luz do dia no final do 2º ato é um dos trechos mais citados de Ludwig van Beethoven.
Beethoven levou quase 12 anos para compor "Fidelio". Dessa obra temos três versões e quatro aberturas (as Leonore 1, 2, e 3 e a atual).
Para Beethoven, a ópera era algo muito sério: assim como a "Missa Solemnis" era para ele a expressão máxima da fé, a obra "Fidelio" era a expressão máxima da liberdade.
Temas

Os grandes temas de "Fidelio" são a força moral, a justiça, o heroísmo e a liberdade.
A intensidade de emoção e a objetividade com que são tratados os temas tornam-no um precursor de Wagner. A ópera foge completamente dos padrões de Mozart e da ópera do início do século 19.
Em "Fidelio" já encontramos o "Leitmotiv" wagneriano e seus personagens são, na realidade, conceitos.
Assim, Pizarro representa o mal e a opressão; Leonore, o símbolo da fidelidade conjugal e Florestan, o herói trágico.
A ópera representa a crença de Beethoven na humanidade e na Justiça.
Relançamento

A versão relançada agora pela EMI Classics, com Christa Ludwig no papel de Leonore/Fidelio e Otto Klemperer frente à Philharmonia and Chorus, é a remasterização da gravação feita em Londres em 1962.
Pode-se dizer que é uma das melhores versões que temos de "Fidelio".
Nela se sobressaem, além da magistral execução da Abertura (em dó maior, contrastando com o clima pessimista da 5ª Sinfonia, em dó menor), o quarteto de vozes acompanhado da orquestra em pizzicato "Mir ist so wunderbar", do 1º ato.
Por esses e outros detalhes, essa versão de "Fidelio" é considerada por muitos um marco na discografia beethoveniana.

Obra: "Fidelio", (2 CDs)
Autor: Beethoven
Relançamento: EMI Classics
Preço: R$ 44 (em média)



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