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Lipatti interpreta Chopin
especial para a Folha
Para muitos especialistas, nenhum outro músico deste século
teve tanta afinidade com a música
de Chopin do que o pianista romeno Dinu Lipatti.
Nos seus curtos e turbulentos 33
anos de vida (1917-1950), Lipatti se
impôs como um dos maiores intérpretes de Chopin de que temos
registro, e ele foi reconhecido por
meio das poucas gravações que ele
nos deixou.
Esse fato pode ser comprovado
pelo CD que a EMI Classics lança
no mercado nacional, contendo
remasterizações de gravações feitas em Londres e Genebra entre
1947 e 1950.
Assim como Chopin, Lipatti tinha a saúde muito frágil e por isso
não frequentou a escola: ao mesmo tempo em que se dedicava ao
piano estudava com professores
particulares.
Em 1934, aos 17 anos, Lipatti
participou do Concurso Internacional de Piano de Viena, tendo
obtido o segundo lugar.
Tal como aconteceu recentemente no Concurso Internacional
Chopin de Varsóvia com Ivo Pogorelich e Martha Argerich, o célebre pianista francês Alfred Cortot,
indignado com o resultado, retirou-se do júri e convidou Lipatti a
estudar com ele na "Ecole Normale de Musique", de Paris.
Lá também foi aluno de Charles
Munch, Paul Dukas, Nadia Boulanger e Francis Poulenc. Essa formação "impressionista" fez com
que Lipatti se distinguisse por sua
sensibilidade poética e leveza do
toque, características da escola de
Cortot.
Poulenc definiu suas interpretações como "imbuídas de uma espiritualidade divina".
Perfeição
Lipatti era extremamente perfeccionista e passava anos estudando uma mesma peça. Diz-se
que ele ficou muito insatisfeito
com a gravação da "Barcarolle
op. 60", de Chopin, realizada em
Londres, em 1948, e que consta
nesse CD.
No entanto, essa é considerada
uma das melhores versões que temos dessa obra. Ele nunca chegou
a se contentar com sua interpretação dos "Estudos", que o acompanharam durante a vida inteira.
Em 1939, com a deflagração da
Segunda Guerra Mundial, Lipatti
abandonou Paris, que foi ocupada
pelos alemães, e, após perambular
por toda Europa, se fixa em Genebra.
Em Genebra é nomeado professor de virtuosismo do Conservatório em 1943.
Em meados de 1949 sua saúde
piora bastante, mas, graças ao uso
de uma droga recém-descoberta
(a cortisona), Lipatti acaba se recuperando e realizando uma série
de gravações na Inglaterra e na
Suíça, dentre as quais as 14 valsas e
a "Mazurca op. 50 nº 3", que
também compõem o CD que chega agora ao Brasil.
(WL)
Autor: Chopin
Intérprete: Dinu Lipatti
Lançamento: EMI Classics
Quanto: R$ 22 (em média)
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