São Paulo, sábado, 30 de maio de 1998

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Lipatti interpreta Chopin

especial para a Folha

Para muitos especialistas, nenhum outro músico deste século teve tanta afinidade com a música de Chopin do que o pianista romeno Dinu Lipatti.
Nos seus curtos e turbulentos 33 anos de vida (1917-1950), Lipatti se impôs como um dos maiores intérpretes de Chopin de que temos registro, e ele foi reconhecido por meio das poucas gravações que ele nos deixou.
Esse fato pode ser comprovado pelo CD que a EMI Classics lança no mercado nacional, contendo remasterizações de gravações feitas em Londres e Genebra entre 1947 e 1950.
Assim como Chopin, Lipatti tinha a saúde muito frágil e por isso não frequentou a escola: ao mesmo tempo em que se dedicava ao piano estudava com professores particulares.
Em 1934, aos 17 anos, Lipatti participou do Concurso Internacional de Piano de Viena, tendo obtido o segundo lugar.
Tal como aconteceu recentemente no Concurso Internacional Chopin de Varsóvia com Ivo Pogorelich e Martha Argerich, o célebre pianista francês Alfred Cortot, indignado com o resultado, retirou-se do júri e convidou Lipatti a estudar com ele na "Ecole Normale de Musique", de Paris.
Lá também foi aluno de Charles Munch, Paul Dukas, Nadia Boulanger e Francis Poulenc. Essa formação "impressionista" fez com que Lipatti se distinguisse por sua sensibilidade poética e leveza do toque, características da escola de Cortot.
Poulenc definiu suas interpretações como "imbuídas de uma espiritualidade divina".
Perfeição

Lipatti era extremamente perfeccionista e passava anos estudando uma mesma peça. Diz-se que ele ficou muito insatisfeito com a gravação da "Barcarolle op. 60", de Chopin, realizada em Londres, em 1948, e que consta nesse CD.
No entanto, essa é considerada uma das melhores versões que temos dessa obra. Ele nunca chegou a se contentar com sua interpretação dos "Estudos", que o acompanharam durante a vida inteira.
Em 1939, com a deflagração da Segunda Guerra Mundial, Lipatti abandonou Paris, que foi ocupada pelos alemães, e, após perambular por toda Europa, se fixa em Genebra.
Em Genebra é nomeado professor de virtuosismo do Conservatório em 1943.
Em meados de 1949 sua saúde piora bastante, mas, graças ao uso de uma droga recém-descoberta (a cortisona), Lipatti acaba se recuperando e realizando uma série de gravações na Inglaterra e na Suíça, dentre as quais as 14 valsas e a "Mazurca op. 50 nº 3", que também compõem o CD que chega agora ao Brasil. (WL)

Autor: Chopin
Intérprete: Dinu Lipatti
Lançamento: EMI Classics Quanto: R$ 22 (em média)




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