São Paulo, sábado, 30 de maio de 1998

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MÚSICA
"Jungle é evolução do forró', diz Slinger

Evelson de Freitas/Folha Imagem
O DJ Soul Slinger, que se prepara para lançar projeto ao lado do Mestre Ambrósio e passa seis meses no país antes de voltar para os EUA


LEANDRO FORTINO
da Reportagem Local

O único representante de importância da música eletrônica brasileira está no país.
Apesar de pouco conhecido no Brasil, Carlos Slinger, 40, o DJ Soul Slinger, é o responsável pelos melhores remixes de músicas de Chico Science & Nação Zumbi e integra o elenco da nova coletânea "Red Hot + Lisbon".
Dono de uma das lojas de roupas mais underground dos EUA, a Liquid Sky (leia texto ao lado), Slinger também é proprietário de um cultuado selo de música eletrônica, o Liquid Sky Music.
O DJ está terminando sua temporada de seis meses no Brasil, a maior desde que deixou o país, em 89. E parece que ele pretende voltar aos EUA de mala cheia.
Além de ter viajado pelo Norte e Nordeste, Slinger passou o Carnaval em Recife, onde ensaiou por três dias com a Nação Zumbi.
Ele já havia trabalhado com o grupo nos remixes de "Manguetown", do álbum "Red Hot + Rio", e de "A Cidade", do recém-lançado CD duplo da Nação Zumbi, "CSNZ".
"Conheci Chico em NY, quando fui convidado para fazer um remix de "Manguetown' para a Red Hot. Ele regravou os vocais especialmente para a faixa", conta.
De música brasileira, Slinger pretende lançar na Liquid Sky Music o projeto M.A.U. (Mestre Ambrósio Underground), feito ao lado do grupo de forró Mestre Ambrósio, de Recife.
"O jungle é a evolução eletrônica do forró. Pretendo levar daqui as vibrações do samba, do pagode, do maracatu", afirma Slinger.
Na coletânea "Red Hot + Lisbon", lançamento beneficente da fundação Red Hot só com artistas portugueses, Slinger remixou a faixa "O Mar", do grupo de Cabo Verde Sementeio.
Segundo ele, "a música era um fado meio africano, meio bossa nova. Fiz uma versão jungle".
Com o aumento do interesse dos norte-americanos pela música eletrônica, o Liquid Sky Music vem crescendo a cada dia.
O selo já lançou 20 álbuns, entre coletâneas e trabalhos solos de artistas, todos fundamentados no experimentalismo de estilos como jungle, tecno e trip hop.
"No começo, vendíamos cerca 1.000 cópias de cada álbum que lançávamos. Hoje, cada disco que a Liquid Sky Music grava vende de 20 a 25 mil unidades", diz Slinger.
O Liquid Sky Music é dividido em três braços especializados: Jungle Sky (jungle e drum'n'bass), Home Entertainment (experimentalismo, trip hop e ambient) e Tek Head (tecno).
O último lançamento da gravadora, o quinto volume da coletânea "Rock & Roll... This Is Jungle Sky", recebeu três estrelas e meia na revista norte-americana "Rolling Stone" de 14 de maio.
Em praticamente todas as faixas desse álbum há o uso de samples de outras músicas, sem o pagamento de direitos autorais.
"Essa de direitos autorais vai desaparecer em breve. Além disso, vale a pena uma grande gravadora processar um pequena que não vai atrapalhar em nada nas suas vendagens?", diz Slinger.
Para ele, no futuro a música vai ser conseguida de graça e as gravadoras desaparecerão.
"As pessoas poderão copiar as músicas que quiserem pelas redes de computador. Os músicos serão contratados pelas empresas de software e de hardware, e não pelas gravadoras", explica.



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