São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2000


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A última chamada

Divulgação
Jenny McCarthy dá seu último telefonema em 'Pânico 3', que estréia hoje



Estréia hoje no Brasil o filme "Pânico 3", derradeira parte da trilogia do assassino mascarado; o diretor, Wes Craven, falou à Folha sobre a série mais lucrativa da história do horror


LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Última chamada é o termo correto para anunciar a chegada, hoje, de "Pânico 3" ("Scream 3") aos cinemas brasileiros.
Primeiro, porque o filme fecha uma trilogia milionária e marcante iniciada em 1996, com "Pânico", produção que surgiu para representar o fim dos filmes de horror para adolescentes. Mas que acabou criando uma nova explosão do gênero, infestando Hollywood de sub- "Pânicos".
Segundo, porque é uma sequência digna da série que fez do simples ato de telefonar um exercício de terror inimaginável.
Em qualquer um dos "Pânico", aprendeu-se, receber uma chamada muitas vezes podia significar o último ato em vida. Que o diga a personagem da deusa teen Jenny McCarthy, essa da foto principal desta página.
"Pânico 3" é a tacada final da mais bem-sucedida franquia da história do cinema de horror, "pacote" que só nos EUA arrecadou quase US$ 300 milhões ao reinventar o gênero fazendo uso extremo da ironia. E encharcando de sangue um elenco fantástico de jovens importados dos badalados seriados de TV.
O guru de tudo isso é Wes Craven, diretor que talhou seu nome no imaginário pop ao criar o terrível Freddy Krueger em "A Hora do Pesadelo", nos anos 80. De Los Angeles, Craven falou à Folha sobre os três "Pânico". A entrevista foi por telefone, esse aparelho tão normal, mas às vezes tão sinistro.

Folha - Se o assassino mascarado telefonasse para o sr. e perguntasse sobre seu filme de horror predileto, qual seria sua resposta?
Wes Craven -
(Risos.) Eu acho que, para mim, é "Pânico", todos os três. Mas, tirando esses, talvez "Alien" (O Oitavo Passageiro, Ridley Scott, 79).

Folha - E, da trilogia "Pânico", qual deles mais o agrada?
Craven -
Gosto do pacote inteiro. Acho que os três filmes fazem um só grande filme. Eles se completam no que de melhor o horror tem para mostrar.

Folha - Como o sr. recomendaria "Pânico 3" para as pessoas?
Craven -
Eu diria que é uma divertida e movimentada conclusão de uma história interessante. Acho que as pessoas que de uma certa forma acompanharam a série desde 1996 precisam ver que fim vão levar Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette.

Folha - Este é o último suspiro do assassino mascarado, como prometido, ou "Pânico 4" já está a caminho?
Craven -
Quanto à série "Pânico", posso assegurar que foi o último. Pelo menos, com meu nome envolvido. Agora, tem um filme chamado "Scary Movie", uma comédia, que vai usar a máscara de "Pânico". ("Scary Movie" estréia dia 7 nos EUA e faz paródia da enxurrada de filmes de horror teen produzidas em Hollywood pós-"Pânico". O nome original foi mudado. Seria "Last Summer I Screamed Because Halloween Fell on Friday the 13th".)

Folha - Qual a diferença entre "Pânico 3" e os outros dois? Ou não há, e essa é que é a graça?
Craven -
A terceira parte é mais bem-humorada do que as duas primeiras. Você consegue rir mais do que gritar de susto...Quer dizer, isso na minha opinião. Já me falaram exatamente o contrário.

Folha - Quando o sr. terminou o primeiro "Pânico", esperava que ele fosse ressuscitar o gênero do horror, como aconteceu?
Craven -
Não tinha idéia. Sabia que era uma história boa, que o elenco era recheado de atores jovens, mas conhecidos e talentosos. É uma combinação explosiva. Sabia que ia resultar num bom filme de terror. Mas daí a achar que ia causar o que causou...

Folha - "Pânico 3" parece fechar um ciclo de filmes de terror. O sr. acha que "A Bruxa de Blair", no ano passado, já tinha começado outro?
Craven -
Acho que podemos dizer que sim. É um gênero diferente de horror, que explora bem o medo daquilo que você não consegue ver. Mas "A Bruxa de Blair 2" está sendo feito e aí poderemos ver no que vai dar.

Folha - O que sr. achou de "A Bruxa de Blair"?
Craven -
Gostei desse jeito de procurar aterrorizar mais pelo lado psicológico do que pelo que está acontecendo na tela. Para falar a verdade, nem achei ele tão assustador assim. Mas é bem interessante. Acho que são gêneros que se completam. O do horror que a toda hora está em sua cara, como "Pânico", e o que você sabe que está ali, mas não consegue ver. Considero, sim, "A Bruxa de Blair" uma ruptura no gênero, mas vamos ver o que ele, a partir de agora, vai gerar.

Folha - Qual é seu próximo projeto? Um novo filme de horror ou um drama sensível, como "Música do Coração" (1999)?
Craven -
Estou trabalhando na produção de um filme sobre o Drácula ("Wes Craven Presents Dracula 2000", dirigido pelo editor de "Scream 3", Patrick Lussier). Estamos tentando colocá-lo nos cinemas até o final do ano.


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