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ERUDITO
Brasileiro conduz a Filarmônica de NY e a Orquestra da Filadélfia, duas das mais importantes sinfônicas americanas
Roberto Minczuk rege "Ferraris" dos EUA
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
O maestro brasileiro Roberto
Minczuk, 36, cumpre agora em
julho uma agenda que poucos colegas seus experimentaram alguma vez em suas carreiras, sobretudo com tão pouca idade: rege
em oito récitas a Filarmônica de
Nova York e em mais duas a Orquestra da Filadélfia. São duas
portentosas "Ferraris" da música
sinfônica norte-americana.
Em outubro do ano passado,
Minczuk foi escolhido pelo diretor musical Lorin Maazel e pelos
músicos da Nova York como regente associado.
No próximo dia 10, em concerto
ao ar livre no Central Park, entre
os seis compositores programados, ele regerá os brasileiros Camargo Guarnieri ("Dança Brasileira") e Villa-Lobos ("Prelúdio
das Bachianas Nš 4").
Minczuk é também diretor artístico-adjunto da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São
Paulo). Trompista de formação,
estudou regência na Julliard, nos
Estados Unidos, e trabalhou na
Gewandhaus, de Leipzig (Alemanha). Aos 27 anos se tornou regente da Sinfônica da Universidade de Brasília e a seguir da Sinfônica de Ribeirão Preto.
Leia abaixo os principais trechos de sua entrevista à Folha.
Folha - É frequente maestros brasileiros regerem grandes orquestras no exterior?
Roberto Minczuk - Em verdade
não é fácil saber ao certo, já que no
Brasil se divulga pouco o histórico
de nossos artistas. Há o Eleazar de
Carvalho, o Isaac Karabtchevsky e
o John Neschling, que regeram
orquestras importantes. Camargo
Guarnieri regeu suas composições nos Estados Unidos. Villa-Lobos fez o mesmo na França.
Folha - Daria para falar de uma
"escola de regência brasileira"?
Minczuk - Creio que não. Há
sempre casos individuais, mais ou
menos como no tênis. Não existe
uma escola brasileira de pessoas
que praticam esse esporte.
Folha - O que significa ser "regente associado" da Nova York?
Minczuk - Essas designações variam de orquestra para orquestra.
Na de Nova York o último "associado" foi Leonard Bernstein,
quando trabalhou ao lado de Bruno Walter. A função deixou em
seguida de ser preenchida. Chegaram a ter regentes assistentes, como o Cláudio Abbado. O assistente não rege tanto a orquestra
quanto o associado, ainda na terminologia interna de lá.
Folha - Boa parte dos concertos
que o sr. regerá serão ao ar livre.
Qual o significado deles na temporada da orquestra?
Minczuk - É um dos compromissos anuais que a orquestra assume com a cidade e com a população. Eu regerei seis concertos em
parques de Nova York, dois deles
no Central Park. Regerei também
no Vail Valley Festival, no Estado
do Colorado, onde os músicos da
filarmônica serão residentes no final do mês. O Lorin Maazel rege
quatro concertos e eu, dois. Em
novembro estrearei num dos concertos regulares da temporada de
assinaturas.
Folha - Com um sobrenome russo,
os músicos da orquestra o reconhecem como brasileiro?
Minczuk - Eu me coloco como
brasileiro em todas as circunstâncias. Ser descendente de russos,
ter tido uma formação nos Estados Unidos e ter trabalhado na
Alemanha são só detalhes.
Folha - Há a possibilidade de Nova York exigir mais do sr. nas próximas temporadas, obrigando-o a
abandonar a Osesp?
Minczuk - A possibilidade está
excluída. Eu regerei a Osesp no
ano que vem um pouco mais que
nos oito ou nove programas deste
ano. Há também os CDs que gravamos, um deles com as "Bachianas" 7, 8 e 9, outro com danças
brasileiras de vários compositores. Gravaremos outro CD no final do ano, para concluir a série
das "Bachianas" do Villa-Lobos.
Há ainda minha participação na
turnê que a Osesp fará no segundo semestre à Europa.
Folha - Seu nome foi citado por sites norte-americanos como opção
para a direção de orquestras de
médio porte. Há algo de concreto?
Minczuk - Já recebi alguns convites. Mas não tenho pressa. Estou
muito feliz com tudo o que estou
fazendo. Adoro meu trabalho
com a Osesp e com Neschling.
Gosto de viver no Brasil e de estar
criando meus filhos aqui. Não há
em mim ansiedade.
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