São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2011 |
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ANÁLISE Reunião de textos ilustra tradição de polêmicas LUIZ FERNANDO RAMOS CRÍTICO DA FOLHA O inesgotável Nelson Rodrigues. Às vésperas do centenário, sua obra dramática segue sendo posta à prova. A reunião de quase todas as críticas publicadas sobre suas encenações insere-se numa tradição de polêmicas que o autor foi amealhando ao longo de sua jornada como dramaturgo. Em 1943, foi o espanto com a montagem de "Vestido de Noiva" pelo recém-chegado encenador polonês Ziembinski (1908-1978). Em seguida, a náusea causada pelo seu "teatro desagradável" que o afastou do grande público e revoltou os críticos. Já nos anos 1950, a reconciliação parcial com a crítica e a volta aos braços do povo. O tom sociológico de "Boca de Ouro", de José Renato Pécora (1926-2011), em 1961, marca o flerte da esquerda com ele, que se transformaria em ódio ao reacionário aliado à ditadura militar. Nos 1980, Antunes Filho resgata-o do ostracismo e inventa um Nelson mítico, na ótica da psicanálise junguiana e encenado em bases não naturalistas. Começa um longo período de resgate que eleva o autor aos píncaros da glória. Nove entre dez encenadores passam a montá-lo. Mais recentemente, "Memória da Cana" criou mais uma pele nesse Nelson múltiplo que veio sendo lapidado pelo tempo. Desta vez foi sua condição pernambucana e o seu diálogo com Gilberto Freyre o mote da revisão. Obras são medidas pela capacidade de provocar a cada época. Até aqui, seu teatro vem se provando eterno. Texto Anterior: Nelson em revista Próximo Texto: Teatro: Atores debatem arte e entretenimento Índice | Comunicar Erros |
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