São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2011 |
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teatro Atores debatem arte e entretenimento Caco Ciocler e Lucio Mauro Filho expandem para fora da cena as discussões das peças "45 Minutos" e "Clichê" Intérpretes, que estreiam em SP os dois solos do autor Marcelo Pedreira, refletem sobre a função do teatro DE SÃO PAULO De um lado, Caco Ciocler faz uma reflexão sobre a arte teatral no espetáculo solo "45 Minutos". De outro, Lucio Mauro Filho emenda uma frase feita em outra em seu monólogo cômico "Clichê". No palco, o ator diverte a plateia chegando a costurar 600 bordões. No centro, está Marcelo Pedreira, o autor de ambos os textos que estreiam na sexta e sucitam a discussão sobre os limites entre a arte e o entretenimento nos palcos. Conversamos com os atores sobre a função do teatro. (GABRIELA MELLÃO) Arte Caco Ciocler - Arte é toda expressão capaz de elevar existências para além de uma compreensão cotidiana e banal da vida. Lucio Mauro Filho - Deve ultrapassar a linha da mediocridade. É a sala de aula. Entretenimento é o recreio. Entretenimento Ciocler - Entretenimento distrai, mas não tem compromisso com qualquer outro objetivo que não o de nos distrair do vazio. Mauro Filho - Acho entretenimento supernecessário. Ele desafoga tensões. Só resta depressão para quem não busca entretenimento. Arte e entretenimento Ciocler - "45 Minutos" funciona muito bem como arte e muito mal como entretenimento. Pretende colocar o espectador em contato com ele mesmo, e não distraí-lo. Mauro Filho - "Clichê" é tanto entretenimento como arte. Busco entreter através da reflexão. Alívio Ciocler - A ilusão do entretenimento é um risco. É um alívio momentâneo ficarmos correndo atrás de coisas que nos distraiam do vazio. Isso só nos atola cada vez mais no pântano da banalidade. Mauro Filho - Vivemos em busca desse alívio momentâneo, principalmente quem mora nos centros urbanos, nessa sociedade cheia de cobranças em todos os níveis. O que nos resta de alegria na vida de hoje são os pequenos momentos de fuga gerados pelo entretenimento. Busca Ciocler - Me interessa o quanto um texto pode me proporcionar de elevação de consciência e sensibilidade. Mauro Filho - O momento em que as pessoas param de rir do comediante para rir delas mesmas. As peças Mauro Filho - "Clichê" instiga a luta para não nos tornarmos idiotas robotizados. A gente não demoniza os clichês. Mas toda a ferramenta usada em exagero desgasta, e o uso excessivo de expressões está impedindo as pessoas de produzir um pensamento melhor. Ciocler - Em "45 Minutos", um ator é obrigado a entreter seu público por exatos 45 minutos. A ânsia da plateia por entretenimento, por qualquer tipo de preenchimento do tempo, causa-lhe náuseas. Tudo o que quer é um encontro verdadeiro, algo realmente novo e extraordinário. 45 MINUTOS QUANDO de qui. a sáb., às 21h, dom., às 20h; de 1/7 a 14/8 ONDE CCSP (r. Vergueiro, 1.000, tel.0/xx/11/3397-4002) QUANTO R$ 20 CLASSIFICAÇÃO 14 anos CLICHÊ QUANDO sex., às 21h30, sáb., às 22h e dom., às 20h; de 1/7 a 28/8 ONDE Teatro Folha (av. Higienópolis, 618, tel.0/xx/11/ 3823-2323) QUANTO de R$ 20 a R$ 50 CLASSIFICAÇÃO 12 anos Texto Anterior: Análise: Reunião de textos ilustra tradição de polêmicas Próximo Texto: Frase Índice | Comunicar Erros |
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