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cinema
Jolie cria oposto de James Bond em "Salt"
Papel foi inicialmente pensado para um homem; atriz dispensou dublês para viver agente acusada de traição
Filho de ex-espião militar, diretor Phillip Noyce fez pesquisa com ex-agentes e pensa em sequências para o filme
FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES
Angelina Jolie não usa dublê e salta de verdade em cima de muitos caminhões em
alta velocidade.
Espiões também continuam existindo e podem ser
seu vizinho. Ou podem ser
Angelina Jolie.
Mentira e verdade se embaralharam para o lançamento do filme "Salt", um
thriller de espionagem "fundamentado em realidade",
segundo o diretor Phillip
Noyce, "para facilitar a viagem do público pela montanha-russa da história".
Angelina Jolie é Evelyn
Salt, agente da CIA acusada
de ser espiã russa. Para provar a inocência, ela foge e organiza uma série de atentados que levam o espectador a
duvidar a todo momento de
quem, afinal, é Salt.
Mas, ao contrário de outros agentes famosos dos cinemas, a vida de Salt não tem
glamour -nem martínis.
Numa jogada do destino,
ou num tremendo golpe publicitário ultrassecreto, o filme estreou apenas algumas
semanas depois de estourar
o escândalo da descoberta de
11 espiões russos que moravam como gente comum em
plena Nova York.
"Se acharam 11 agentes
russos, é porque existem outros 1.100. E os EUA devem
fazer a mesma coisa com outros 11 mil espiões em outros
países", disse Noyce em entrevista à Folha.
"Acho que tivemos sorte
[com a notícia], isso faz com
que as pessoas tomem consciência de que há muito mais
do que apenas um ou dois superespiões no mundo."
O diretor australiano, de
60 anos, fala com conhecimento de causa.
Fascinado por espionagem, ele é filho de um ex-espião militar, dirigiu Harrison
Ford como analista da CIA
em dois filmes e se debruça
em extensa pesquisa com ex-agentes para cada novo trabalho que realiza.
LOUCA POR ADRENALINA
Se fica difícil acreditar no
"bunker" tecnológico da Casa Branca e na maleta do presidente americano que dispara ataques nucleares durante as cenas do filme, imagine então crer que Jolie, a
celebridade mais perseguida
do planeta, não usou dublê
para as cenas de ação nem
precisou de efeitos especiais.
"Angelina é louca por
adrenalina, mas não só. Ela é
uma artista no sentido tradicional, tem entretenimento
no sangue", diz Noyce, que
trabalhou com a atriz pela
primeira vez no filme "O Colecionador de Ossos" (1999),
quando Jolie era praticamente uma desconhecida.
O papel de Salt foi originalmente escrito para um homem e chegou a ter como primeira opção Tom Cruise
("Missão Impossível").
Quando Jolie entrou no projeto, quis fugir do estereótipo
de espiões cheios de charme.
"Angelina não queria copiar James Bond, o pequeno
sexista", diz Noyce. "Mas, no
futuro, se fizermos uma série
[de filmes], com certeza haverá mais espaço para uma
Angelina mais sexy."
Para a atriz, Salt "não é divertida ou bonitinha", conforme disse para os fãs num
evento em San Diego (EUA).
"Ela vai ficando mais do
mal, mais durona, mais sombria. É uma pessoa com problemas, atípica. Eu me identifico com ela."
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