São Paulo, Sexta-feira, 30 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"O CORRUPTOR"
Yun-Fat quer voltar a filmar com Woo

CLÁUDIO CASTILHO
especial para a Folha, em Los Angeles

Depois de aparecer em mais de 70 filmes em Hong Kong e estrear em Hollywood há dois anos ao lado de Mira Sorvino no violento "Assassinos Substitutos", o maior galã do cinema asiático, Chow Yun-Fat, ainda não emplacou seu grande hit no Ocidente.
Apesar de tentar minimizar a rivalidade com outro peso pesado do cinema asiático, Jackie Chan, Yun-Fat reconhece a dianteira do protagonista da comédia blockbuster "A Hora do Rush" no mercado americano.
Aos 44 anos, talento e carisma comparados ao de Bogart e Clint Eastwood pela imprensa americana, o ator encarna em "O Corruptor", que estréia hoje no Brasil, um oficial do departamento de polícia de Nova York encarregado de combater o crime organizado em Chinatown.
Para isso, Chan, seu personagem, se une ao jovem policial Danny, interpretado por Mark Wahlberg, de "Boogie Nights".
Leia a seguir trechos da entrevista de Chow-Yun Fat.

Folha - Você se sente limitado de certa forma à imagem criada em torno de seu nome?
Chow Yun-Fat -
Como ator, procuro cooperar com todos os detalhes do set e também do roteiro. Faço aquilo que sei. Se você me pedir para executar o trabalho de um ator de kung-fu, por exemplo, o resultado será desastroso. Vou precisar de décadas de treino para fazer o que Jackie Chan faz com facilidade.

Folha - Como você encara essa rivalidade entre você e Chan?
Yun-Fat -
Vejo a competição como uma coisa benéfica. Ela acaba sempre ajudando de alguma maneira ambas as partes. Jackie chegou à América bem antes de mim. Esteve em algumas produções que não fizeram sucesso nos anos 70 e, na metade desta década, lembraram-se dele novamente e ele acabou tendo a sorte de fazer "A Hora do Rush". Eu, em contrapartida, ainda sou um jovem em terra desconhecida.

Folha - Como foi trabalhar com Mark Wahlberg?
Yun-Fat -
Mark é um ator e tanto. Aprendeu a falar cantonês numa rapidez invejável. Acho que o rap o ajudou a aguçar os ouvidos. Agora, o que me surpreendeu foi observar como ele é uma pessoa quieta no set. Esperava encontrar um Mark elétrico 24 horas por dia, mas não. Se bem que, nas horas de descanso, ele não perdia a oportunidade de brincar comigo.

Folha - Antes mesmo de estrear em Hollywood, você já havia se tornado um ator cult, adorado por muitos cineastas americanos, como Quentin Tarantino e Oliver Stone. Na época isso o surpreendeu?
Yun-Fat -
Foi muito gratificante ter o reconhecimento de tantas pessoas talentosas. Tenho que admitir, entretanto, uma fascinação especial que tenho por John Woo, que para mim é um dos melhores cineastas dos últimos tempos. Não vejo a hora de voltarmos a trabalhar juntos.
Temos planos de gravar o filme "The King's Ransom" logo após Woo termine a produção de "Missão Impossível 2", com Tom Cruise. Quanto ao fascínio que as pessoas parecem ter por minha pessoa, o que tenho a dizer é que, na frente das câmeras, posso até passar como um gentleman cheio de charme, como muitos dizem, mas na vida real eu sou o oposto disso. Eu não presto (risos). Não se esqueça de escrever que estou dizendo isso de brincadeira...


Texto Anterior: Cinema - "Vamos Nessa": Dia das Bruxas em pleno 25 de dezembro
Próximo Texto: James Foley entrega encomenda com defeito
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.