São Paulo, Sexta-feira, 30 de Julho de 1999
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James Foley entrega encomenda com defeito

da Reportagem Local

Depois de atuar em mais de 70 produções de Hong Kong, algumas delas dirigidas pelo cultuado John Woo, como "Fervura Máxima" (92), Chow Yun-Fat fez sua inevitável transição para Hollywood com "Assassinos Substitutos" (98), ao lado de Mira Sorvino. Ganhou o respeito da crítica, mas ainda não emplacou um sucesso, como o conterrâneo Jackie Chan.
Sim, porque "O Corruptor" está longe de ser um sucesso, apesar de ter a produção executiva de Oliver Stone, o badalado Mark Wahlberg ("Boogie Nights") no elenco e uma eletrizante trama de ação ambientada em Chinatown.
Isso sem falar na direção de James Foley. Esse é o problema. Especialista em intensos dramas humanos, como os que alimentam alguns de seus melhores filmes, "Caminhos Violentos" e "O Sucesso a Qualquer Preço" entre eles, Foley claramente realizou "O Corruptor" por encomenda.
Sua displicência se manifesta na ausência de ritmo de várias sequências de ação e chega até a problemas de iluminação e de enquadramento.
Não que ele não tenha tentado, em alguns momentos, sofisticar a direção com algumas tomadas de certo valor estético, que se perderam em meio a tantos clichês do gênero.
Obviamente, o roteiro não ajuda muito. Investe na batida combinação da dupla policial, formada por um veterano e um novato que são impostos um ao outro por superiores e, por isso, se estranham no início do trabalho.
Nesse caso, o trabalho é acabar com a violência de Chinatown para torná-la mais atraente para os turistas. Isso significa interferir na disputa entre duas gangues pelo controle do poder -e dos negócios ilícitos- no bairro.
Acontece que o veterano (Yun-Fat) tem ligações perigosas com o chefe de uma das gangues, que tenta aliciar o novato (Wahlberg). É aí que a dupla começa a se entender, até uma revelação-bomba mudar o rumo da história.
Nesse confuso vai-e-vem, quem se dá bem são os membros das gangues, que ganharam penteados modernosos para se diferenciar nas cenas de ação e escaparam de caracterizações mais grotescas, como a do vilão Henry Lee (Ric Young). Ou do constrangimento de Wahlberg -e seu corpinho- nas cenas de sexo.
Ou ainda das manifestações de afeto entre os dois protagonistas, teoricamente, brutamontes da lei. Foley entregou a encomenda, é certo. Mas com muitos defeitos.
(FÁTIMA GIGLIOTTI)


Avaliação:  


Filme: O Corruptor Produção: EUA, 1999 Direção: James Foley Com: Chow Yun-Fat, Mark Wahlberg Quando: a partir de hoje, nos cines Butantã 2, Eldorado 6, Iguatemi 1 e circuito

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