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James Foley entrega encomenda com defeito
da Reportagem Local
Depois de atuar em mais de 70
produções de Hong Kong, algumas delas dirigidas pelo cultuado
John Woo, como "Fervura Máxima" (92), Chow Yun-Fat fez sua
inevitável transição para Hollywood com "Assassinos Substitutos" (98), ao lado de Mira Sorvino.
Ganhou o respeito da crítica, mas
ainda não emplacou um sucesso,
como o conterrâneo Jackie Chan.
Sim, porque "O Corruptor" está
longe de ser um sucesso, apesar
de ter a produção executiva de
Oliver Stone, o badalado Mark
Wahlberg ("Boogie Nights") no
elenco e uma eletrizante trama de
ação ambientada em Chinatown.
Isso sem falar na direção de James Foley. Esse é o problema. Especialista em intensos dramas humanos, como os que alimentam
alguns de seus melhores filmes,
"Caminhos Violentos" e "O Sucesso a Qualquer Preço" entre
eles, Foley claramente realizou "O
Corruptor" por encomenda.
Sua displicência se manifesta na
ausência de ritmo de várias sequências de ação e chega até a
problemas de iluminação e de enquadramento.
Não que ele não tenha tentado,
em alguns momentos, sofisticar a
direção com algumas tomadas de
certo valor estético, que se perderam em meio a tantos clichês do
gênero.
Obviamente, o roteiro não ajuda muito. Investe na batida combinação da dupla policial, formada por um veterano e um novato
que são impostos um ao outro
por superiores e, por isso, se estranham no início do trabalho.
Nesse caso, o trabalho é acabar
com a violência de Chinatown para torná-la mais atraente para os
turistas. Isso significa interferir na
disputa entre duas gangues pelo
controle do poder -e dos negócios ilícitos- no bairro.
Acontece que o veterano (Yun-Fat) tem ligações perigosas com o
chefe de uma das gangues, que
tenta aliciar o novato (Wahlberg).
É aí que a dupla começa a se entender, até uma revelação-bomba
mudar o rumo da história.
Nesse confuso vai-e-vem, quem
se dá bem são os membros das
gangues, que ganharam penteados modernosos para se diferenciar nas cenas de ação e escaparam de caracterizações mais grotescas, como a do vilão Henry Lee
(Ric Young). Ou do constrangimento de Wahlberg -e seu corpinho- nas cenas de sexo.
Ou ainda das manifestações de
afeto entre os dois protagonistas,
teoricamente, brutamontes da lei.
Foley entregou a encomenda, é
certo. Mas com muitos defeitos.
(FÁTIMA GIGLIOTTI)
Avaliação:
Filme: O Corruptor
Produção: EUA, 1999
Direção: James Foley
Com: Chow Yun-Fat, Mark Wahlberg
Quando: a partir de hoje, nos cines
Butantã 2, Eldorado 6, Iguatemi 1 e
circuito
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