São Paulo, Sexta-feira, 30 de Julho de 1999
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NOITE ILUSTRADA ERIKA PALOMINO
Depois de força na peruca, agora é força no vibe!

Cassiano de Souza
Bonitona da nova geração da cena de São Paulo, Ana Paula é tão linda que abre sempre um clarão à volta nas pistas, deixando todo mundo passado!


PENSA que a popularização da cena traz apenas mais meninas na pista? Traz alguns vodus também. Sábado passado, dois casos bem desagradáveis de violência trouxeram más notícias ao cenário rave. Numa festa fechada, do tipo "private" (mais ou menos, né?), um segurança atirou em um produtor musical, chamado Gilberto, do grupo Oscilations, que discutia com o promoter da festa na entrada por causa do preço do ingresso (R$ 15), segundo um amigo do músico. O tiro teria passado a meio metro de distância e serviu, naturalmente, para que ele e seus amigos saíssem rapidinho dali. O outro caso deixou dezenas de carros depredados na saída da rave Turbulence. Os frequentadores pedem dos organizadores mais segurança nos estacionamentos. Segundo um raver, no local protegido só cabiam 300 carros, e, cheia de top DJs, a festa esperava e teve muito mais gente mesmo. Tudo isso é o preço da popularização do fenômeno, que traz muita gente de fora, descaracterizando a ideologia paz-e-amor das raves. Assim, cuidado dobrado, dos dois lados.

E força no vibe que amanhã tem mega-rave, a XXX-Perience, em Campos do Jordão, no Morro do Itapeva, a 5 km do centro. O flyer manda seguir as luzes no céu, ótima idéia! Dessa vez, Feio e Rica se juntaram a uma festa de playboys, a Mountain Fest Campos 99. Portanto, são duas pistas. A principal atração é o DJ alemão Scot Project (na pista 1) e o alto astral dos dois promoters, queridíssimos em todas as cenas. Boa festa para todos!

E o underground se mexe!, graças a Deus. Sábado passado, foi em clima de clubinho, claro, a festa da lista da Internet br-raves, batizada br-101, no Manga Rosa, em que se destacaram os DJs Gil Barbara e Oblongui, mais Mauricio UM, que saía da U-Turn e resolveu dar uma canja. Mais de 50 pessoas vieram de outros Estados, em pleno clima de integração, e a atmosfera foi a mais simpática possível, com direito a torcida, abracinho, dancinha e tudo mais. Para ser perfeito mesmo, falta só a br-raves se misturar à cena local, e a cena local se misturar à br-raves! Integração djá!

ANTES disso, na sexta, fervilhava o templo underground A Lôca, que se prepara para a festa de aniversário de quatro anos, dia 18 de agosto, véspera do Green Velvet, na U-Turn.

E, por falar em U-Turn, está bem simpático o programa de rádio do clube, aos sábados, das 22h à 0h, chamado "Sponge" (102.9). É tipo para animar, antes de sair para o clube, enquanto você se arruma, faz o modelo, ajeita o picumã, essas coisas. Tipo chill-in. Antes, às 21h30, tem um programinha de meia hora chamado "Sambaolôco" que também é eletrônico. Mas o mais engraçado mesmo é o programão de forró que entra depois, à meia-noite!

CHAMPANHE, muita champanhe na festa de reinauguração do apartamento de Li Camargo, sábado passado, no célebre endereço da rua Helena. Foi lá que se descobriu que uma neobarbie paulista sofreu um "fashion victim descontrol" e torrou R$ 10 mil na maravilhosa coleção masculina da Gucci! Bi, tô passada, bi! E a Daslu inteira agora tem também as flores de alto astral dos meus amigos da Escarlate.

E abriu esta semana a loja Slam no MorumbiShopping. Luxo! Chique! É o underground chegando ao mainstream. Fora que o Giuliano Menegazzi é um fofo, né? A loja fica no segundo piso, saindo ali da loja dos bichos, e tem a assinatura do talentoso irmão dele, o Gustavo, que estudou com Jean Nouvel em Paris.

E sabe quem voltou? O Ricardinho NS, o DJ carioca que saiu daqui para turnê alemã que culminaria com a Love Parade, voltou com o case cheio de discos, um monte de boas imagens na memória, mas não com a frase "eu toquei na Love Parade". "Rolam lá também as famosas desorganizações, né?", explicou o DJ anteontem, ainda virado do vôo de volta. Para resumir: marcaram com ele às 17h debaixo dos arcos, mas um gap na programação dos 80 caminhões fez o do clube em que ele deveria tocar sair antes, às 15h, e ele ficou lá no meio de 1,6 milhão de pessoas na rua, andando com o case procurando o carro. Uó, mas Ricardinho não esquentou. Também pudera: colocaram ele para tocar na pista principal (eram nove) da festa oficial da Love Parade, que reuniu 10 mil pessoas. O melhor momento da turnê foi o set "muito sinistro" de 13 horas, "espremendo os discos", que ele fez na Tresor. "Precisava ter uma big coke ali", brinca, "e eu louco para ir ao banheiro". É que o DJ do after-hours passou mal, e ele foi convidado para entrar. Ricardinho diz que a música da viagem para ele foi um disco novo do sueco Cari Lekbush (viu, presta atenção), que para o povão só vai sair em setembro. Enquanto isso, programa uma distribuidora de discos, um selo para soltar fora discos brasileiros, prensados lá, e o seu selo de festas, o After. E, para ser meigo com os leitores da coluna, Ricardinho vai gravar este fim-de-semana uma fita especial Noite Ilustrada, com seus novos discos. As primeiras cinco pessoas que responderem à seguinte pergunta via e-mail (palomino@uol.com.br) vão receber a fofura: "Qual foi o primeiro endereço (nome do clube e bairro) do after-hours After, que Ricardinho criou no Rio?".

TCHAU, tchau, hein? Essa foi boa. E esse é mais um DJ brasileiro cavando seu espaço. E está aí o disco do Marky que não deixa ninguém mentir. O Brasil continua o mesmo. E Marky é o primeiro DJ brasileiro a lançar disco e a fazer coletiva de imprensa!!! E o disco "Workin" the Mix" sai esta semana, antes da turnê que começa na terça, cheio de músicas que você já ouviu ele tocar nas pistas. E o CD não deveria ser assinado por Marky em vez de Marky Mark? Bem, como diria o próprio DJ em Londres, "whatever". "Tough at the Top", que abre o disco, é linda de morrer; enquanto os scratches e mixagens do disco mostram por que Marky ganhou tantos campeonatos. Há hits como a intensa "Sick Note" e a "Salsa" abrasileirada, que levam o povo à loucura. Fora o final, a demente e presepeira "Can't I Count It Off"? Sensacional. Recomendo vivamente.

CULTO ao DJ! Respeito ao residente! Simpatia na porta! Seguranças invisíveis! Bebida barata!

BARRA Funda na chón! Caíram por terra os galpões onde todo mundo foi feliz ao menos uma vez, ali perto do Memorial. Parece que estavam ameaçando tombar para o patrimônio, então derrubaram logo de uma vez. E pronto. Uma tristeza.

E a sala vip do aniversário do maquiador Kaká Moraes, no Donna, foi o sonho de "media junkies": Tiazinha, Adriane Galisteu e Luciano Huck.

VIU que a "Musik" deu capa para a geração Gatecrasher? São os clubbers mais montados e equivocados do mundo, caricatos até dizer chega, exagerados o quanto podem. Por aqui tem um monte, principalmente as meninas, tipo aquela da novela, como era o nome? Vilminha. Os meninos são uma mistura de cybermano com fashion victim Ouro Fino/MMM. O hype deles é chupar chupeta na pista!!!

E domingo é aniversário do meu amigo Giovanni Bianco! E tem jantar fino, para ele, na casa de Bia Aydar.

TEM festa drum'n'bass da produtora Motor Music hoje em BH, com o top inglês Zinc e o DJ Marky, mais o DJ Blip (anunciado como o melhor DJ do gênero da cidade) e o lançamento do disco "Lo-Fi Genesis", dnb made in Juiz de Fora: o Anvil FX. Já Fortaleza se mexe para a segunda edição do projeto Disco Voador, descolado evento dedicado à cultura dos clubes, que dessa vez reproduz na cidade o clima das discos de Amsterdã, com tudo importado da Holanda. Planeje sua vida: dias 6, 13 e 20 de agosto.

REBELDES de ontem, hoje e sempre podem se jogar no documentário "The Beat Experience", de 4 a 8 de agosto na faixa no Instituto Itaú (informações pelo tel. 0/xx/11/238-1700). O filme é de John Carlin, idealizador do projeto "Red, Hot +". Veja e perceba como os beats são amigos, como tem muita coisa em conexão com a gente.

E-mail: palomino@uol.com.br


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