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São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

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CRÍTICA

Contos analisam seres ensimesmados

CRÍTICO DA FOLHA

Republicado em edição revista, a estréia de Luiz Vilela, "Tremor de Terra", ainda surpreende, 36 anos após seu lançamento. Quase todos seus 20 contos têm prosa bem acabada e narrativas coesas em sua aparente simplicidade.
O herói por excelência das histórias é o ser ensimesmado -ensimesmamento este produto de sua dificuldade de encaixe no mundo. O protagonista de "Imagem" procura seus conhecidos para saber o que pensam dele. A cada conversa nota que sua imagem no espelho se modifica. Perdido entre as várias imagens de si, ganha fama de pessoa instável.
Outros personagens que ensaiam arrostar o padrão imposto pela sociedade também sofrem reveses. A tia Lázara de "O Violino" tenta voltar na maturidade para tocar o violino e é repreendida pela família.
Feridos nesse embate, os indivíduos fogem para dentro de si. O ponto máximo do recolhimento está em "Buraco", em que o herói cava um buraco onde passa a viver como tatu. Confrontemos essa história com o conto-título, no qual um sujeito se apaixona por uma moça casada. O sentimento o faz imaginar um momento "maravilhoso e terrível", que ele compara a um tremor de terra. O abalo seria capaz de reverter a condição de "enterrado vivo" de muitos dos personagens. Ironicamente (e a ironia é outro forte elemento), também lhes ameaça o frágil equilíbrio, visto que pode soterrá-los de vez.
(MARCELO PEN)


Tremor de Terra
     Autor: Luiz Vilela Editora: Publifolha Quanto: R$ 19,90 (176 págs.)



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