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CRÍTICA
Contos analisam seres ensimesmados
CRÍTICO DA FOLHA
Republicado em edição
revista, a estréia de Luiz
Vilela, "Tremor de Terra", ainda surpreende, 36 anos após
seu lançamento. Quase todos
seus 20 contos têm prosa bem
acabada e narrativas coesas em
sua aparente simplicidade.
O herói por excelência das
histórias é o ser ensimesmado
-ensimesmamento este produto de sua dificuldade de encaixe no mundo. O protagonista de "Imagem" procura seus
conhecidos para saber o que
pensam dele. A cada conversa
nota que sua imagem no espelho se modifica. Perdido entre
as várias imagens de si, ganha
fama de pessoa instável.
Outros personagens que ensaiam arrostar o padrão imposto pela sociedade também
sofrem reveses. A tia Lázara de
"O Violino" tenta voltar na maturidade para tocar o violino e é
repreendida pela família.
Feridos nesse embate, os indivíduos fogem para dentro de
si. O ponto máximo do recolhimento está em "Buraco", em
que o herói cava um buraco
onde passa a viver como tatu.
Confrontemos essa história
com o conto-título, no qual um
sujeito se apaixona por uma
moça casada. O sentimento o
faz imaginar um momento
"maravilhoso e terrível", que
ele compara a um tremor de
terra. O abalo seria capaz de reverter a condição de "enterrado vivo" de muitos dos personagens. Ironicamente (e a ironia é outro forte elemento),
também lhes ameaça o frágil
equilíbrio, visto que pode soterrá-los de vez.
(MARCELO PEN)
Tremor de Terra
Autor: Luiz Vilela
Editora: Publifolha
Quanto: R$ 19,90 (176 págs.)
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