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São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

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LIVRO/LANÇAMENTO

ARQUITETURA

Autores vêem cidade como fenômeno de comunicação urbana

Defesa dos "exageros" de Las Vegas chega ao Brasil

LUCRECIA ZAPPI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Se menos é mais para o modernista Mies van der Rohe (1886-1969), para os autores de "Aprendendo com Las Vegas", "menos é um tédio".
A provocação de Robert Venturi, Denise Scott Brown e Steven Izenour parece datada, mas o livro, que chega ao Brasil 31 anos após seu lançamento nos EUA, ainda é considerado relevante, porque a carga de elementos visuais no espaço urbano ganhou mais sentido através do tempo.
O livro, que é considerado a cartilha do pós-modernismo na arquitetura, adota o simbolismo rejeitado pelos modernistas ortodoxos para explicar a cena contemporânea da arquitetura urbana.
Com tradução de Pedro Maia Soares, a edição é inédita e traz o posfácio "Las Vegas Depois de Sua Época Clássica", sobre o que mudou na cidade em 25 anos, escrito entre 1995 e 96, por Venturi e sua mulher, Denise Scott Brown.
"Minha mulher me levou pela primeira vez a Las Vegas em 66. Ela nos horrorizou e fascinou ao mesmo tempo, por ser uma cidade automobilística na sua forma mais pura, muito válida e vital para o seu tempo, mas, por outro lado, contraditória aos ideais utópicos de urbanismo", diz Venturi.
Dois anos depois, os professores Venturi, Scott Brown e Steven Izenour partiriam com 15 estudantes de arquitetura de Yale para o estudo "de campo" de uma cidade construída no meio do deserto, inspirada em histórias em quadrinhos, cinema e propaganda, e sua silhueta feita de letreiros, conforme criticava Tom Wolfe.
O livro, marcado pela irreverência, é um dos maiores manifestos contra o modernismo ortodoxo, que era contra os ícones populares no significado da construção.
Para o trio de arquitetos, a rodovia de Las Vegas era um fenômeno de comunicação que surgia, e a mistura de estilos sugere o diálogo entre diversos meios e influências. "É uma arquitetura mais de comunicação do que de espaço."
Sobre o simbolismo, que se transformou em informação imediata, Venturi diz: "É um fator fundamental para que uma cidade se humanize, porque a comunidade deriva da comunicação". E celebra a arquitetura como comunicação explícita que absorve a alta sensibilidade de hoje, "onde signo e construção se juntam para formar um só elemento".


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