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LIVRO/LANÇAMENTO
ARQUITETURA
Autores vêem cidade como fenômeno de comunicação urbana
Defesa dos "exageros" de Las Vegas chega ao Brasil
LUCRECIA ZAPPI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Se menos é mais para o modernista Mies van der Rohe (1886-1969), para os autores de "Aprendendo com Las Vegas", "menos é
um tédio".
A provocação de Robert Venturi, Denise Scott Brown e Steven
Izenour parece datada, mas o livro, que chega ao Brasil 31 anos
após seu lançamento nos EUA,
ainda é considerado relevante,
porque a carga de elementos visuais no espaço urbano ganhou
mais sentido através do tempo.
O livro, que é considerado a cartilha do pós-modernismo na arquitetura, adota o simbolismo rejeitado pelos modernistas ortodoxos para explicar a cena contemporânea da arquitetura urbana.
Com tradução de Pedro Maia
Soares, a edição é inédita e traz o
posfácio "Las Vegas Depois de
Sua Época Clássica", sobre o que
mudou na cidade em 25 anos, escrito entre 1995 e 96, por Venturi e
sua mulher, Denise Scott Brown.
"Minha mulher me levou pela
primeira vez a Las Vegas em 66.
Ela nos horrorizou e fascinou ao
mesmo tempo, por ser uma cidade automobilística na sua forma
mais pura, muito válida e vital para o seu tempo, mas, por outro lado, contraditória aos ideais utópicos de urbanismo", diz Venturi.
Dois anos depois, os professores
Venturi, Scott Brown e Steven Izenour partiriam com 15 estudantes
de arquitetura de Yale para o estudo "de campo" de uma cidade
construída no meio do deserto,
inspirada em histórias em quadrinhos, cinema e propaganda, e sua
silhueta feita de letreiros, conforme criticava Tom Wolfe.
O livro, marcado pela irreverência, é um dos maiores manifestos
contra o modernismo ortodoxo,
que era contra os ícones populares no significado da construção.
Para o trio de arquitetos, a rodovia de Las Vegas era um fenômeno de comunicação que surgia, e a
mistura de estilos sugere o diálogo entre diversos meios e influências. "É uma arquitetura mais de
comunicação do que de espaço."
Sobre o simbolismo, que se
transformou em informação imediata, Venturi diz: "É um fator
fundamental para que uma cidade se humanize, porque a comunidade deriva da comunicação".
E celebra a arquitetura como comunicação explícita que absorve
a alta sensibilidade de hoje, "onde
signo e construção se juntam para
formar um só elemento".
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