São Paulo, Segunda-feira, 30 de Agosto de 1999
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PATRIMÔNIO
Um dos mais tradicionais cinemas da cidade será dividido em seis salas
Marabá reestréia no ano 2000

CRISTIAN AVELLO CANCINO
free-lance para a Folha

O tradicional Cine Marabá, inaugurado em maio de 45 com o melodrama de guerra "Desde que Partiste", terá suas poltronas arrancadas, o assoalho despregado e os cupins eliminados para que surjam, no final do ano 2000, seis novas salas de exibição com som digital, projeção de alta-fidelidade para filmes arrasa-quarteirões, poltronas estofadas, doçaria etc.
O projeto é do arquiteto Ruy Ohtake; o investimento está sendo bancado pela empresa proprietária do cinema, a PlayArte; e o proveito, ao que parece, será da região central, que, por meio de iniciativas isoladas, vai aos poucos revertendo o processo de deterioração e decadência que enfrenta desde a década de 60.
"Há projetos que mostram mudanças na utilização da região central. Tudo indica que, futuramente, o centro deverá voltar suas atividades para a prestação de serviços, para o lazer", acredita o arquiteto.
Para ele, a modernização do Marabá poderá aumentar a frequência de público dos cinemas que restaram na região. Desconsiderando as salas com programação pornô, de acordo com a Associação Viva o Centro, sobraram apenas três cinemas "corretos": Olido, Marabá e Ipiranga.
Ultimamente, a trinca padece dos mesmos problemas: a deterioração e a ausência de público. O conjunto registra média diária de ocupação aquém de 20% da lotação total. A PlayArte pretende reverter o malogro investindo US$ 3 milhões no Marabá, a maior das três salas.
Um detalhe importante sobre o projeto: "A fachada do cinema não sofrerá alterações, para preservar o tipo de arquitetura que há, ou melhor, que houve na região", explica Ohtake. Outra boa notícia é que no saguão do cinema haverá painéis com fotografias antigas do centro, principalmente da avenida Ipiranga e da praça da República, onde fica o Marabá.
A mesma idéia vai ser aproveitada nos cines Liberty e Bristol, que ficam na avenida Paulista e passam por uma ampliação também aos cuidados de Ruy Ohtake. De acordo com o vice-presidente do grupo PlayArte, Otelo Bettin Coltro, US$ 5 milhões estão sendo gastos na divisão dessas duas salas em dez, com capacidade, cada uma, para 200 pessoas. As primeiras três salas serão inauguradas em janeiro do ano que vem.


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