São Paulo, Quinta-feira, 30 de Setembro de 1999
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RELÂMPAGOS

O não

JOÃO GILBERTO NOLL

Meu marido, ali. A criança chorava debaixo da minha saia. Um quadro natural, sem enigma nenhum. Nenhuma queixa, desordem. Depois, na fila, conheci um homem. Não fui. Detive-me na linha que modulava o domingo sem paixão. A caminho de casa me veio um sentimento pendular, entre o obsceno talvez e uma arrancada bruta, quase um tropeção. Sinceramente, eu achava que não sabia mais andar. Parei, a saia esvoaçando. A passagem de um avião estremeceu o meu reconhecimento das coisas da vitrina. Ali, sem a criança ou o marido, pronta para o não.


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