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RELÂMPAGOS
O não
JOÃO GILBERTO NOLL
Meu marido, ali. A criança
chorava debaixo da minha
saia. Um quadro natural,
sem enigma nenhum. Nenhuma queixa, desordem.
Depois, na fila, conheci um
homem. Não fui. Detive-me
na linha que modulava o domingo sem paixão. A caminho de casa me veio um sentimento pendular, entre o
obsceno talvez e uma arrancada bruta, quase um tropeção. Sinceramente, eu achava que não sabia mais andar.
Parei, a saia esvoaçando. A
passagem de um avião estremeceu o meu reconhecimento das coisas da vitrina.
Ali, sem a criança ou o marido, pronta para o não.
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