São Paulo, Quinta-feira, 30 de Setembro de 1999
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MODA PRIMAVERA-VERÃO 2000

Ford apresenta chic revisitado em Milão

Ansa
Modelo desfila Anna Molinari


ERIKA PALOMINO
enviada especial a Milão

"Chic revisitado" é como definiu à imprensa o estilista norte-americano Tom Ford o megamix de estilos do desfile Gucci, anteontem em Milão, dentro da temporada de prêt-à-porter de primavera-verão 2000.
Bem ao gosto dos 90, tem anos 60, 70, 80 e até um apressado revival do início da própria década de 90 em si.
As referências: Blondie, Farrah Fawcett, Madonna e Gwyneth Paltrow.
A imagem mais forte é a dos determinados vestidos em tecido de pele de cobra, mas o resultado final é quase déjà vu, dentro do fundamento de feminilidade explícita celebrado por Ford na marca.
Assim, as cobras aparecem como iconografia de recall instantâneo de hype desta temporada na Gucci, e suas peças (calças, camisas de seda e adoráveis bolsas minibaguettes) serão itens obrigatórios de compra de suas fiéis seguidoras. Para "fashion victims", o shortinho de ginástica, daqueles bem cafonas, com abertura lateral, ganha contornos de culto. O Planeta Fashion queria mais.
Como nos lançamentos do verão brasileiro, sexo e sensualidade são palavras de ordem em Milão. Quem lida melhor com o corpo ganha destaque e suspiros.
Também como as brasileiras, as italianas querem se exibir sob o sol do verão 2000, e os estilistas se desdobram.
Anna Molinari, por exemplo, desenhada por Rossella Tarabini, é pura atitude férias. Biquínis e blusão são os looks, junto a muito brilho e dourados.
Já a Missoni, também desnuda, se confundiu em profusões de tubos e teve como melhor momento um segmento de vestidos inspirados na roupa nova do imperador, a fábula de Andersen, composto de vestidos feitos de finas tiras de tecido, como barbantes.
Puro ilusionismo fashion, com pleno domínio de maquinário e estamparia (leia texto nesta página), eles davam a sensação de que a modelo estava com um vestido, com decotes, desenhos e tudo mais, mas na verdade revelavam, a um segundo olhar, os seios e o corpo.
Dentro de uma parte mais experimental do mercado, a marca de couro Ruffo convida, a cada estação, um estilista hype para desenhar sua coleção.
Assim, A.F. Vandevorst levou a mídia de moda a uma sala montada em torno de estátuas de gelo, derretendo, para ver uma coleção de inspiração hospitalar. Jalecos, roupas de enfermeiros, médicos, de branco e verde, ganhavam perfume gótico para uma fatia de público vanguardista. Sobreposições e falsas saias, mais calças à prova de qualquer modernidade, levantaram uma sobrancelha do público.
Seria mais empolgante não fosse o próximo desfile o da Gucci e as pessoas não estivessem fervendo de ansiedade. Muita gente nem esperou começar, e a equipe da "Vogue" Itália se bandeou para a porta assim mesmo, no meio da apresentação. E o que se viu a seguir foi uma louca correria, como se estivessem dando ouro lá fora. Coisas da moda.
Ontem pela manhã Moschino viu bons ventos sob sua bandeira. Em momento de valorização dos ideais dos anos 80, a marca foi prestigiada e correspondeu, em desfile colorido e divertido, com looks piratas, índios e tropicais na passarela, que tinha como cenário uma camisa multicolorida gigante, com botões e tudo.
O melhor: um patchwork de flores e franjas, delicado e feminino, com o glamour típico do estilista Moschino.


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