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Depoimentos inéditos atestam universalidade do autor
CRÍTICO DA FOLHA
Quando foi convidado para
coordenar a coleção de Chaplin
em DVD, Serge Toubiana teve a
idéia de produzir a série "Chaplin
Hoje", um conjunto de documentários curtos que comprovasse a
universalidade e a atualidade do
cineasta para além dos clichês.
Com 26 minutos cada, os documentários, incluídos nos DVDs,
trazem depoimentos de cineastas
consagrados. No primeiro volume, o italiano Bernardo Bertolucci comenta "Luzes da Ribalta", os
belgas Luc e Pierre Dardenne falam de "Tempos Modernos", e
Idrissa Ouedraogo, africano de
Burkina Faso, dá seu testemunho
sobre "Em Busca do Ouro". Apenas "O Grande Ditador" foge ao
formato, pois é acompanhado pelo longa "O Vagabundo e o Ditador", que faz um paralelo entre as
vidas de Hitler e Chaplin.
Os próximos volumes reforçam
a busca por visões de culturas diversas, com depoimentos do iraniano Abbas Kiarostami ("O Garoto"); do iugoslavo Emir Kusturica ("O Circo"), do francês Claude Chabrol ("Monsieur Verdoux"); do inglês Peter Lord (diretor da animação "A Fuga das
Galinhas", que fala de "Luzes da
Cidade"), do americano Jim Jarmusch ("Um Rei em Nova York")
e da norueguesa Liv Ullmann
("Casamento ou Luxo").
Toubiana, em entrevista à Folha, apontou um elemento em comum aos depoimentos: "Todos
revelam um prazer imenso. Chaplin é um tesouro da infância, é
como se todos devêssemos a ele
um pouco da nossa felicidade".
O crítico descreve, por exemplo,
o entusiasmo dos irmãos Dardenne ("Rosetta", Palma de Ouro em
Cannes em 99) ao falar de "Tempos Modernos": "Além de demonstrar como o filme foi importante para suas formações, eles fazem um paralelo com "Rosetta",
principalmente sobre o problema
do trabalho na sociedade atual".
Ao convidar Kiarostami, Toubiana descobriu que Carlitos é o
único estrangeiro nos imensos
murais pintados em Teerã. Já
Ouedraogo, que também fez um
filme sobre o garimpo ("Obi", de
1991), narra sua alegria ao ter visto
"Em Busca do Ouro" e a compartilha exibindo o filme para crianças da sua região natal. "Para Chaplin, os sentimentos são mais importantes que tudo, e sentimentos
são universais", diz.
(PB)
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