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DANÇA/CRÍTICA
"Sonho" viaja, com luxo, para outras dimensões
INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
As aventuras de um grupo de
mortais e imortais, envolvido com as confusões do amor: da
floresta encantada para os salões
de baile, a dança vinga realidade e
sonho. No sábado passado, o Teatro Municipal de São Paulo foi o
palco de "Sonho de uma Noite de
Verão", coreografia de George
Balanchine (1904-1983), dançada
pelo balé do Teatro Scala de Milão, que inicia temporada hoje no
Rio de Janeiro.
O Scala, fundado em 1778, foi
um dos grandes centros da era romântica do balé. A companhia
hoje dança trabalhos clássicos do
repertório, além de criações de
grandes nomes da dança atual,
como Mats Ek, Maguy Marin e
John Neumeier.
Na temporada de 2003/2004,
realizam essa remontagem de
"Sonho de uma Noite de Verão"
numa produção de luxo, com direito aos cenários e figurinos de
Luisa Spinatelli: o palco transformado num mundo imaginário,
com telões por todos os lados,
transportando a platéia para outras dimensões. (Sempre na galáxia da comédia romântica leve.)
Balanchine ficou reconhecido
mundialmente por criar balés
abstratos, em que dança e música
fazem uma parceria capaz de criar
narrativas próprias, num estilo
neoclássico.
Baseado na comédia de Shakespeare de 1595, e seguindo a música de Felix Mendelssohn (1809-1847), "Sonho..." estreou em 1962
com o New York City Ballet. Se
aqui a narrativa dramática existe,
por trás dela há uma outra história, contada pelos corpos dos bailarinos. Cada passo tem relação
intrínseca com a música e com o
passo seguinte, os movimentos se
sucedem e se acumulam rapidamente, os corpos devem se mover
numa harmonia ditada pela música.
Para isso é preciso uma técnica
suprema. Os movimentos precisos e vigorosos, característicos de
Balanchine, assim como a combinação de giros, passos complexos
e rápidos, requerem terminações
absolutamente seguras. No sábado, os solistas tiveram dificuldades nos acabamentos dos giros,
nas terminações das frases e no
equilíbrio. Para contrabalançar,
um momento especial se deu no
grande duo do segundo ato, com
o entrelaçamento dos braços e a
suavidade das linhas.
Já o corpo de baile estava coeso
e à vontade nas dimensões imateriais do cenário. Aquele mundo
difuso só ressalta o vigor das linhas que se cruzam no movimento. No começo e no final do balé,
participaram 24 meninas (de 11 a
14 anos), do curso de formação da
Escola de Teatro Bolshoi no Brasil, com uma execução alegre e
primorosa das ninfas.
Sonho de uma Noite de Verão
Com: Ballet do Teatro Scala de Milão
Onde: Teatro Municipal do Rio de
Janeiro (pça. Floriano, s/nš, Rio, tel. 0/
xx/21/2205-6672)
Quando: hoje e amanhã, às 20h30; dia
2/10, às 21h, e 3/10, às 17h
Quanto: de R$ 40 a R$ 160
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