São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2004

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DANÇA/CRÍTICA

"Sonho" viaja, com luxo, para outras dimensões

INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA

As aventuras de um grupo de mortais e imortais, envolvido com as confusões do amor: da floresta encantada para os salões de baile, a dança vinga realidade e sonho. No sábado passado, o Teatro Municipal de São Paulo foi o palco de "Sonho de uma Noite de Verão", coreografia de George Balanchine (1904-1983), dançada pelo balé do Teatro Scala de Milão, que inicia temporada hoje no Rio de Janeiro.
O Scala, fundado em 1778, foi um dos grandes centros da era romântica do balé. A companhia hoje dança trabalhos clássicos do repertório, além de criações de grandes nomes da dança atual, como Mats Ek, Maguy Marin e John Neumeier.
Na temporada de 2003/2004, realizam essa remontagem de "Sonho de uma Noite de Verão" numa produção de luxo, com direito aos cenários e figurinos de Luisa Spinatelli: o palco transformado num mundo imaginário, com telões por todos os lados, transportando a platéia para outras dimensões. (Sempre na galáxia da comédia romântica leve.)
Balanchine ficou reconhecido mundialmente por criar balés abstratos, em que dança e música fazem uma parceria capaz de criar narrativas próprias, num estilo neoclássico.
Baseado na comédia de Shakespeare de 1595, e seguindo a música de Felix Mendelssohn (1809-1847), "Sonho..." estreou em 1962 com o New York City Ballet. Se aqui a narrativa dramática existe, por trás dela há uma outra história, contada pelos corpos dos bailarinos. Cada passo tem relação intrínseca com a música e com o passo seguinte, os movimentos se sucedem e se acumulam rapidamente, os corpos devem se mover numa harmonia ditada pela música.
Para isso é preciso uma técnica suprema. Os movimentos precisos e vigorosos, característicos de Balanchine, assim como a combinação de giros, passos complexos e rápidos, requerem terminações absolutamente seguras. No sábado, os solistas tiveram dificuldades nos acabamentos dos giros, nas terminações das frases e no equilíbrio. Para contrabalançar, um momento especial se deu no grande duo do segundo ato, com o entrelaçamento dos braços e a suavidade das linhas.
Já o corpo de baile estava coeso e à vontade nas dimensões imateriais do cenário. Aquele mundo difuso só ressalta o vigor das linhas que se cruzam no movimento. No começo e no final do balé, participaram 24 meninas (de 11 a 14 anos), do curso de formação da Escola de Teatro Bolshoi no Brasil, com uma execução alegre e primorosa das ninfas.


Sonho de uma Noite de Verão
   
Com: Ballet do Teatro Scala de Milão
Onde: Teatro Municipal do Rio de Janeiro (pça. Floriano, s/nš, Rio, tel. 0/ xx/21/2205-6672)
Quando: hoje e amanhã, às 20h30; dia 2/10, às 21h, e 3/10, às 17h
Quanto: de R$ 40 a R$ 160



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