São Paulo, Sábado, 30 de Outubro de 1999
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Nóbrega é grande bailarino

especial para a Folha

Em "Sol a Pino", Antonio Nóbrega não só dá aula de cultura brasileira como também envolve a platéia no processo de trabalho que precede a obra acabada.
Denominada aula-espetáculo, a apresentação faz do público cúmplice, objetivo que Nóbrega conquista naturalmente, com seu carisma e senso de improvisação.
Depois de comentar e interpretar seu repertório musical, Nóbrega se detém nas danças, permitindo constatar que está ali, em seu corpo, a tão cobiçada técnica que confere uma identidade à dança contemporânea brasileira.
Embora fora das convenções que levam a tal identificação, Nóbrega é um dos melhores bailarinos do Brasil e talvez o único a harmonizar, com tamanha naturalidade, a simbiose de técnicas que apagam fronteiras entre clássico e popular. Klauss Vianna, seu mestre em consciência corporal, presenciaria com orgulho a maturação de seu discípulo.
Com tal conhecimento, Nóbrega poderia ter em seu teatro Brincante um centro coreográfico capaz de difundir a cultura brasileira, como também estimular linguagens de vanguarda.
Ao mesmo tempo, espera-se que Nóbrega não deixe escapar a concisão que marcou a primeira fase de sua carreira (em obras como "Figural") para incorrer em superproduções mais dispersivas, como o recente "Pernambuco".
(ANA FRANCISCA PONZIO)


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