São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2000

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CINEMA/CRÍTICA

"A Bruxa de Blair 2" não é mais um fenômeno, é só um bom filme

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

A PRIMEIRA diferença, básica, entre "A Bruxa de Blair", de 99, e "A Bruxa de Blair 2", que estreou sexta nos EUA, é que o primeiro era um fenômeno, e o segundo é apenas um filme. Mas um filme bom, melhor que a média do gênero.
O original, de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez, revolucionou o jeito de fazer horror e reensinou Hollywood a pensar, com seus US$ 22 mil de custo e US$ 150 milhões de faturamento.
Eram os supostos registros encontrados depois do desaparecimento de três estudantes de cinema, que se embrenharam na floresta de Burkittsville (ex-Blair) em 94 para fazer um documentário sobre a lenda da bruxa local.
Myrick e Sánchez não quiseram fazer a sequência. Comprometeram-se a filmar o número 3 em 2001, na verdade uma "prequel", que contará a história da bruxa do século 17 e do serial killer de criancinhas dos anos 40.
O abacaxi/desafio (como fazer algo tão bom quanto o primeiro?/por outro lado, é "A Bruxa de Blair 2"!) caiu nas mãos de Joe Berlinger, diretor de "Paradise Lost", de 96, talvez o mais impressionante documentário já feito sobre um caso envolvendo assassinato de crianças e fanatismo religioso. Isso explica tudo.
Nas mãos dele, o que "BB" sugeria, "BB2" mostra. Enquanto aquele era sobre o medo do outro -a bruxa-, este é sobre o medo de si mesmo. O que você é capaz de fazer? Sugestionado, até onde é capaz de ir? E dá-lhe sangue.
A sequência começa falando da onda real de visitas e o culto à cidadezinha em que o filme foi feito. Centra o foco em Jeffrey, que vive da lenda, vendendo memorabilia de "BB" pela Internet e liderando passeios pela floresta.
Num deles, conduz a gótica Kim, um casal de estudantes nerds, Tristen e Stephen, e uma aprendiz de bruxa, Erica. É sobre o desenrolar da primeira noite que os cinco passam na floresta que será o resto do filme.
Há as piadas internas se referindo a "BB". Há até mesmo, veja você, uma coruja suicida -um dos pontos mais baixos que o filme atinge; o outro é a trilha adolescente demais. Só não há uma ordem cronológica. Os acontecimentos vem e vão, você vai perceber depois, e o final e a solução aparecem já no começo, sempre com muitas -muitas- imagens de vídeo. A certa altura, Jeffrey fala: "O filme mente! O vídeo conta a verdade!". Preste atenção no que ele diz. É a chave de tudo.


A Bruxa de Blair 2
Book of Shadows: Blair Witch 2
Bom
Produção: EUA, 2000
Estréia prevista no Brasil: janeiro de 2001



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