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CINEMA/CRÍTICA
"A Bruxa de Blair 2" não é mais um fenômeno, é só um bom filme
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
A PRIMEIRA diferença, básica, entre "A Bruxa de Blair",
de 99, e "A Bruxa de Blair 2", que
estreou sexta nos EUA, é que o
primeiro era um fenômeno, e o
segundo é apenas um filme. Mas
um filme bom, melhor que a média do gênero.
O original, de Daniel Myrick e
Eduardo Sánchez, revolucionou o
jeito de fazer horror e reensinou
Hollywood a pensar, com seus
US$ 22 mil de custo e US$ 150 milhões de faturamento.
Eram os supostos registros encontrados depois do desaparecimento de três estudantes de cinema, que se embrenharam na floresta de Burkittsville (ex-Blair)
em 94 para fazer um documentário sobre a lenda da bruxa local.
Myrick e Sánchez não quiseram
fazer a sequência. Comprometeram-se a filmar o número 3 em
2001, na verdade uma "prequel",
que contará a história da bruxa do
século 17 e do serial killer de
criancinhas dos anos 40.
O abacaxi/desafio (como fazer
algo tão bom quanto o primeiro?/por outro lado, é "A Bruxa de
Blair 2"!) caiu nas mãos de Joe
Berlinger, diretor de "Paradise
Lost", de 96, talvez o mais impressionante documentário já feito
sobre um caso envolvendo assassinato de crianças e fanatismo religioso. Isso explica tudo.
Nas mãos dele, o que "BB" sugeria, "BB2" mostra. Enquanto
aquele era sobre o medo do outro
-a bruxa-, este é sobre o medo
de si mesmo. O que você é capaz
de fazer? Sugestionado, até onde é
capaz de ir? E dá-lhe sangue.
A sequência começa falando da
onda real de visitas e o culto à cidadezinha em que o filme foi feito. Centra o foco em Jeffrey, que
vive da lenda, vendendo memorabilia de "BB" pela Internet e liderando passeios pela floresta.
Num deles, conduz a gótica
Kim, um casal de estudantes
nerds, Tristen e Stephen, e uma
aprendiz de bruxa, Erica. É sobre
o desenrolar da primeira noite
que os cinco passam na floresta
que será o resto do filme.
Há as piadas internas se referindo a "BB". Há até mesmo, veja você, uma coruja suicida -um dos
pontos mais baixos que o filme
atinge; o outro é a trilha adolescente demais. Só não há uma ordem cronológica. Os acontecimentos vem e vão, você vai perceber depois, e o final e a solução
aparecem já no começo, sempre
com muitas -muitas- imagens
de vídeo. A certa altura, Jeffrey fala: "O filme mente! O vídeo conta
a verdade!". Preste atenção no
que ele diz. É a chave de tudo.
A Bruxa de Blair 2
Book of Shadows: Blair Witch 2
Bom
Produção: EUA, 2000
Estréia prevista no Brasil: janeiro de
2001
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