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Atriz descoberta por Antunes Filho diz que faria de novo campanha para Paulo Maluf: "É só um trabalho"
E agora, Samantha?
MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Macbeth, personagem de Shakespeare, era um bom sujeito, que
cedeu à ambição da mulher, Lady
Macbeth, e abandonou seus princípios, fazendo o diabo para conquistar o trono da Escócia.
Lady Macbeth foi um dos muitos papéis vividos por Samantha
Monteiro, 27; revelada por Antunes Filho, ela foi protagonista de
suas peças "Nova Velha Estória" e
"Trono de Sangue/Macbeth".
Samantha, que também atuou
em "Malhação" (Globo), surpreendeu parte da classe teatral
ao protagonizar a campanha do
segundo turno de Paulo Maluf.
Em close, era ela quem dizia, no
horário eleitoral gratuito: "A Marta disse que experimentou maconha. O Maluf é contra as drogas."
"Minha declaração é: não quero
falar sobre isso", diz Antunes.
"Lutamos tanto por liberdade.
Ninguém vai me boicotar. Se boicotarem cada um que expressar
sua posição política, perderemos
muitos talentos", diz Samantha.
"Ela não faz o teatro que eu faço.
Eu não iria conseguir ensaiar com
ela. Não considero isso um trabalho de atriz. É uma questão de cidadania", diz Beto Magnani, que
desistiu de convidar a atriz para a
peça "Suburbia" (leia ao lado).
"É só um trabalho. Alguns amigos pararam de me ligar. Evitei ir
a estréias. Quanto ao "Suburbia",
falei que gostaria de fazer, mas
nem li o texto, pois estava comprometida com o Dionísio (Neto)", diz Samantha.
A dupla Samantha e Dionísio,
que trabalhou em "Perpétua", estréia em março de 2001 a peça
"Antiga", em que ela é Gertrúria,
uma modelo filha de um candidato a presidente.
"Eu não esperava isso da classe.
É a ditadura da esquerda. Ela tem
o direito de ter a sua opinião. O fato de ela ter participado da campanha do Maluf não muda nada.
Conheço-a há oito anos. Não julgo o que ela fez, apesar de não
concordar. Fiquei mal. Sou Marta, declaradamente", diz Dionísio.
"Há um rigor que lembra o autoritarismo. Ninguém tem o direito de patrulhar a Samantha,
que é atriz. Ela cresce no vídeo.
Mudei todo o programa devido a
ela", diz José Maria Braga, coordenador de marketing de Maluf.
A atriz recebeu a Folha em seu
apartamento, em São Paulo. No
outro quarto, estava o seu novo
namorado francês, Julian. "Se eu
for boicotada, vou para a França
pedir asilo político", disse.
Folha - Em quem você votou?
Samantha Monteiro - Não falo.
Folha - Você virou malufista?
Samantha - Não vou falar a minha opinião sobre Marta e Maluf.
Folha - Você é a favor da liberação
do aborto para casos especiais?
Samantha - Eu sabia que você ia
me perguntar. Fui uma apresentadora. O horário político era fruto de uma pesquisa do partido e
das opiniões de Maluf. Não interessam as minhas opiniões.
Folha - Então não adianta eu perguntar sobre drogas?
Samantha - Não. Minha opinião
não vale nada. É a opinião deles
que vai modificar São Paulo. O
que falei não depende da minha
opinião. Posso concordar ou não,
mas não interessa.
Folha - Havia muita coisa com
que você não concordava?
Samantha - Eu tentei me distanciar. Antes me paravam para falar
das minhas personagens da TV e
teatro. Agora, contavam suas vidas, elogiavam o Maluf, pediam
para eu falar coisas para ele. Muita
gente vai pensar que é a minha
opinião. Mas não é.
Folha - Você faria outra campanha para o Maluf?
Samantha - Faria.
Folha - Você fez um teste para o
programa da Marta, antes?
Samantha - Fiz e não fui aprovada. Vários atores fizeram testes
para a Marta e, ao mesmo tempo,
para o Maluf. Não fui a única.
Folha - Você fez pelo dinheiro?
Samantha - Foi uma boa experiência. É um trabalho político difícil. Foi um bom dinheiro 15 dias
como apresentadora.
Folha - Quanto?
Samantha - Não falo. Era o mesmo que a equipe da Marta oferecia. Não é muito. Mas, para quem
faz teatro, é um bom dinheiro.
Folha - O nível da campanha foi
muito baixo. Você não acha que vai
respingar na sua imagem?
Samantha - Muita gente vai ficar
com raiva de mim. Mas houve
quem soubesse separar.
Folha - Era amiga dos Suplicy?
Samantha - Eu os conhecia. A
Marta assistiu com o Eduardo
(Suplicy) a todos os meus espetáculos. Acho que a Marta não vai
ter ódio pessoal. Eles sabem que é
um trabalho. Ela vai distinguir.
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