DA REPORTAGEM LOCAL

Num cenário de bloqueio quase total aos novos valores na música popular brasileira, a jovem mato-grossense Vanessa da Mata rompe o cerco e consegue estrear em CD homônimo aos 26 anos, pela grande gravadora Sony.
Se sua história é incomum na façanha de furar o sinal fechado à renovação na MPB, por outro lado isso se deu com o auxílio de patrocínios de peso, que a ajudaram a se tornar exceção.
O nome de Vanessa iniciou um processo lento de difusão quando Chico César se entusiasmou com suas composições e se tornou seu divulgador e parceiro. Foi por empenho de Chico que "A Força que Nunca Seca", composta pelos dois, virou faixa-título do disco de 99 de Maria Bethânia.
Na sequência, Daniela Mercury, Baden Powell e o maestro e arranjador de Caetano Veloso, Jaques Morelenbaum, manifestaram apoio à sua chegada. A Sony se interessou por Vanessa -mas, ainda assim, gastou um ano e meio entre a contratação e o lançamento.
Vanessa releva as interferências e localiza em si própria o privilégio de estar chegando ao grande mercado: "Os apoios me ajudaram muito, mas isso aconteceu também por eu ter chegado sabendo muito bem o que queria".
O discurso voluntarista parece ser atestado por sua história anterior. Ela nasceu em Alto Garças (MT), cidade de 8.000 habitantes longe demais das capitais, de onde "fugiu" aos 14 avisando ao pai que ia ser médica. Hoje ele sabe que era um blefe de adolescente, e "Vanessa da Mata" é a primeira prova concreta. (PAS)