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LIVRO
Volume reúne entrevista e fotos do cineasta
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Talvez não se conheça Amos
Gitai apenas por seus filmes.
Ou por sua história pessoal. Em
todo caso, a premissa de
"Amos Gitai", belo volume editado pela CosacNaify em conjunto com a Mostra, é que um e
outro se encontram.
Se Gitai é hoje um cineasta
central para a compreensão do
mundo em que estamos, é, em
parte, porque é israelense, ou
seja, vive no centro do conflito
dos conflitos contemporâneos.
Mas ser israelense pode significar muita coisa. Aí entra a história pessoal, na detalhada entrevista feita por Serge Toubiana, ex-diretor de redação da revista "Cahiers du Cinéma".
A história de Gitai passa pela
imigração dos pais para a Palestina antes de Israel existir (a
história, no mais, é contada no
belo "Berlim-Jerusalém"), tanto quanto pelo flerte com a arquitetura (o próprio pai era arquiteto da Bauhaus), passando
pelo hábito adquirido quase
inadvertidamente de realizar
filminhos em super-8, que o levariam ao documentário
"House", de 1980, e aos problemas dele derivados.
Os estudos nos Estados Unidos, assim como os anos que
foi forçado a passar na França,
forjaram aos poucos sua personalidade de artista contemporâneo e homem engajado no
conflito palestino-israelense
(pelo lado da paz).
Enquanto as primeiras cem
páginas do livro são dedicadas
a fotos dos filmes de Gitai, a segunda parte concentra a formação da sensibilidade que levaria o cineasta às escolhas estéticas e políticas que fez (sem
esquecer sua participação, como soldado, na guerra de 1973,
que reconstituiria em "O Dia
do Perdão").
Nos documentários realizados fora de Israel, no mais, Gitai como que reafirma uma
tendência capital de seus filmes
(de ficção ou documentário): a
capacidade de abrir-se ao outro, de liberar-se de preconceitos, de buscar a imagem mais
objetiva de um evento ou de
uma pessoa -independente
de seu engajamento pessoal.
A última parte do livro, editado originalmente pelo Centro
Georges Pompidou de Paris,
dedica-se a examinar a obra de
Gitai filme a filme, fechando
com isso um trabalho à altura
do realizador israelense (que
seria ainda melhor caso o corpo utilizado fosse um pouco
maior). Paralelamente ao lançamento do livro, as fotos que
ilustram o volume podem ser
vistas em exposição na Faap.
AMOS GITAI. Livro sobre o cineasta
israelense. Editora: CosacNaify/
Mostra BR de Cinema. Quanto: R$ 56
(256 págs.)
AMOS GITAI - PERCURSOS.
Exposição de fotos do cineasta. Onde:
Faap - Mezanino - Prédio 1 (r. Alagoas,
903, Higienópolis, São Paulo; tel.0/
xx/11/3662-7198). Quando: segunda
a sexta, das 10h às 21h; sábados,
domingos e feriados, das 13h às 18h.
Até 14 de novembro. Entrada franca.
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