São Paulo, domingo, 30 de outubro de 2005

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TV PAGA

Baseada em obra de Rubem Fonseca, primeira série brasileira da HBO estréia hoje; sinal é aberto a todos os assinantes

"Mandrake" traz o que a Globo "não exibiria"

DA REPORTAGEM LOCAL

Érika Mader, sobrinha de Malu, fuma maconha. O namorado, Marcos Palmeira, transa com todas as mulheres que encontra pela frente, inclusive a "Tiazinha" Suzana Alves, fica completamente pelado e apanha do cantor Otto. Daniel Dantas faz sexo grupal, e muitas moças cheiram cocaína.
É por aí a estréia de "Mandrake", hoje, às 23h, na HBO (o sinal está aberto a todos os assinantes). Primeira produção brasileira do canal, a série baseada na obra do escritor Rubem Fonseca vai ser exibida em toda a América Latina. Serão oito capítulos, sempre aos domingos. O projeto é de José Henrique Fonseca, filho do criador do advogado Mandrake, que percorre seus livros há 40 anos.
Há pouco mais de dois anos, a produtora Conspiração Filmes, de José Henrique, negociou com a Globo o projeto "Mandrake". A emissora só tinha interesse em um episódio, a ser exibido na série "Brava Gente Brasileira".
O cineasta achou que o personagem merecia uma série e não fechou o negócio. Ainda bem, por um lado. Na Globo, concorda José Henrique, ou em qualquer outra emissora aberta, o telespectador jamais veria o verdadeiro Mandrake e seu universo "fonsequiano", no qual se inclui o primeiro parágrafo deste texto.
Uma nova teledramaturgia, livre das amarras globais, surge com "Mandrake" e o mecanismo de incentivo fiscal da Ancine (Agência Nacional do Cinema) para que canais estrangeiros produzam no Brasil. Foram investidos R$ 6,7 milhões. "Um programa assim não entraria na Globo de jeito nenhum por várias questões: desde a parte técnica, já que tem uma fotografia escura, com uma pegada mais cinematográfica, até os assuntos, as cenas de sexo. A HBO, por ser um canal fechado, dá muita liberdade", diz José Henrique, que em 1993 dirigiu para a Globo "Agosto", também de Rubem Fonseca.
O porém dessa festa é que a TV paga é restrita a poucos no Brasil, e a HBO, à elite da elite da elite.
Os três primeiros episódios (cada um tem 50 minutos) são adaptações de contos de Rubem Fonseca. Os outros cinco são histórias novas, criadas por José Henrique, Tony Bellotto e Felipe Braga.
No papel de Mandrake, Marcos Palmeira deixa para trás Fernando Amorim, de "Celebridade", e qualquer outro galã de seu vasto currículo de novelas. Convence como o protagonista e deixa brilhar outras figuras-chaves do elenco -especialmente Miele (o sócio Wexler) e Marcelo Serrado (policial Raul, seu melhor amigo).
A dupla funciona, e vale citar a cena em que "dividem" o mesmo vaso sanitário e outra na qual saem bêbados do bar em plena tarde quente carioca, discutindo a diferença entre gavião e falcão.
Empolgado com o papel, Serrado confessa à Folha: "A gente tinha tomado um pouco de vinho e estava meio "alto" de verdade".
Palmeira, que passou a fumar charuto apesar de ser ecologicamente correto, também comemora a atuação em "Mandrake": "Adorei ter tido a aprovação do José Henrique, do Rubem. É um trabalho com uma linguagem muito legal, com uma cara brasileira e a liberdade e o frescor de uma produção independente".
Não perca a estréia, principalmente pela participação brilhante de Alexandre Frota e Tiazinha.
(LAURA MATTOS)


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