|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TV PAGA
Baseada em obra de Rubem Fonseca, primeira série brasileira da HBO estréia hoje; sinal é aberto a todos os assinantes
"Mandrake" traz o que a Globo "não exibiria"
DA REPORTAGEM LOCAL
Érika Mader, sobrinha de Malu,
fuma maconha. O namorado,
Marcos Palmeira, transa com todas as mulheres que encontra pela
frente, inclusive a "Tiazinha" Suzana Alves, fica completamente
pelado e apanha do cantor Otto.
Daniel Dantas faz sexo grupal, e
muitas moças cheiram cocaína.
É por aí a estréia de "Mandrake", hoje, às 23h, na HBO (o sinal
está aberto a todos os assinantes).
Primeira produção brasileira do
canal, a série baseada na obra do
escritor Rubem Fonseca vai ser
exibida em toda a América Latina.
Serão oito capítulos, sempre aos
domingos. O projeto é de José
Henrique Fonseca, filho do criador do advogado Mandrake, que
percorre seus livros há 40 anos.
Há pouco mais de dois anos, a
produtora Conspiração Filmes,
de José Henrique, negociou com a
Globo o projeto "Mandrake". A
emissora só tinha interesse em
um episódio, a ser exibido na série
"Brava Gente Brasileira".
O cineasta achou que o personagem merecia uma série e não
fechou o negócio. Ainda bem, por
um lado. Na Globo, concorda José
Henrique, ou em qualquer outra
emissora aberta, o telespectador
jamais veria o verdadeiro Mandrake e seu universo "fonsequiano", no qual se inclui o primeiro
parágrafo deste texto.
Uma nova teledramaturgia, livre das amarras globais, surge
com "Mandrake" e o mecanismo
de incentivo fiscal da Ancine
(Agência Nacional do Cinema)
para que canais estrangeiros produzam no Brasil. Foram investidos R$ 6,7 milhões. "Um programa assim não entraria na Globo
de jeito nenhum por várias questões: desde a parte técnica, já que
tem uma fotografia escura, com
uma pegada mais cinematográfica, até os assuntos, as cenas de sexo. A HBO, por ser um canal fechado, dá muita liberdade", diz
José Henrique, que em 1993 dirigiu para a Globo "Agosto", também de Rubem Fonseca.
O porém dessa festa é que a TV
paga é restrita a poucos no Brasil,
e a HBO, à elite da elite da elite.
Os três primeiros episódios (cada um tem 50 minutos) são adaptações de contos de Rubem Fonseca. Os outros cinco são histórias
novas, criadas por José Henrique,
Tony Bellotto e Felipe Braga.
No papel de Mandrake, Marcos
Palmeira deixa para trás Fernando Amorim, de "Celebridade", e
qualquer outro galã de seu vasto
currículo de novelas. Convence
como o protagonista e deixa brilhar outras figuras-chaves do
elenco -especialmente Miele (o
sócio Wexler) e Marcelo Serrado
(policial Raul, seu melhor amigo).
A dupla funciona, e vale citar a
cena em que "dividem" o mesmo
vaso sanitário e outra na qual
saem bêbados do bar em plena
tarde quente carioca, discutindo a
diferença entre gavião e falcão.
Empolgado com o papel, Serrado confessa à Folha: "A gente tinha tomado um pouco de vinho e
estava meio "alto" de verdade".
Palmeira, que passou a fumar
charuto apesar de ser ecologicamente correto, também comemora a atuação em "Mandrake":
"Adorei ter tido a aprovação do
José Henrique, do Rubem. É um
trabalho com uma linguagem
muito legal, com uma cara brasileira e a liberdade e o frescor de
uma produção independente".
Não perca a estréia, principalmente pela participação brilhante
de Alexandre Frota e Tiazinha.
(LAURA MATTOS)
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Crítica: Série parece mais contida do que poderia Índice
|