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Status do cinema brasileiro divide o júri da Mostra
Enquanto o psicanalista Contardo Calligaris aponta "momento de glória", diretor Bahman Ghobadi vê tendência "repetitiva"
Há quatro filmes nacionais entre 14 finalistas definidos pelo público; Leon Cakoff lamenta falta de "Sonhos de Peixe" e elogia "Shortbus"
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre os 14 finalistas que disputam o título de melhor filme
da 30ª Mostra de Cinema de
São Paulo há quatro brasileiros.
A lista completa de concorrentes foi divulgada no último sábado, com a presença dos jurados -Bahman
Ghobadi (cineasta iraniano),
Contardo Calligaris (psicanalista e colunista da Folha), Florinda Bolkan (atriz), Jorge
Sánchez (produtor mexicano),
José Maria Prado (curador espanhol), Lauro Escorel (fotógrafo e diretor) e Wolfgang
Becker (cineasta alemão).
Uma repórter convidou-os a
comentar a performance do cinema brasileiro. "Está passando por um momento de glória,
com uma safra absolutamente
extraordinária", disse Calligaris. Já Ghobadi disse achar que
o cinema brasileiro, "assim como o iraniano, anda repetitivo
e carente de sangue novo".
Sobre a decisão do júri, Bolkan afirmou que o mais importante é que o grupo parta de
uma base comum de discussão,
e "não que todos estejam de
acordo [em torno de um título]". A atriz, veterana em júris
de festivais, comentou que "às
vezes, você tem que desistir de
algo de que gosta muito porque
não consegue convencer os outros jurados".
Os finalistas da Mostra são
definidos a partir do voto do
público. O recorte considera os
filmes de novos diretores (até o
segundo longa). Neste ano, enquadram-se na categoria 120
dos 420 títulos programados.
A "fórmula mista" é um modo de associar o caráter competitivo que o evento assumiu ao
longo de sua história (com júri
oficial) e a disposição original
de "confiar a decisão ao público", conforme assinalou Leon
Cakoff, diretor da Mostra.
Cakoff discordou da observação feita por um crítico de que
a lista de preferidos do público
apresenta traço conservador.
""Shortbus" é certamente o
filme mais político sobre sexo
feito desde "Saló" [Pier Paolo
Pasolini, 1975]", disse Cakoff.
Ele disse, porém, lamentar a
ausência de alguns filmes na
lista de competidores, entre
eles "Sonhos de Peixe", que o
russo Kirill Mikhanovsky rodou no Rio Grande do Norte.
O cineasta alemão Wolfgang
Becker ("Adeus Lênin") observou a existência de "um pequeno foco no cinema sul-americano" entre os concorrentes.
A decisão do júri será divulgada no encerramento da Mostra, na próxima quinta. Os jurados têm autonomia para estabelecer outras categorias de
premiação, além da de melhor
filme, única que é obrigatória.
"Cinema sem Fim"
No 30º aniversário da Mostra, seu diretor, Leon Cakoff,
lança hoje o livro "Cinema sem
Fim: A História da Mostra 30
Anos" (Imprensa Oficial e Mostra Internacional de Cinema;
456 págs.; R$ 50).
São as "memórias não esquecidas" de Cakoff sobre cada edição do evento, afirma o diretor
Manoel Oliveira, em prefácio
da obra. O lançamento é às 19h,
no Clube da Mostra (shopping
Frei Caneca, 6º andar).
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