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FARSA NA TV
Vendedora de relógios de Mauá foi aos dois programas interpretar dona de loja em conflito com ambulante
Camelô vira lojista no "Ratinho' e no "Leão'
da Reportagem Local
Dona de uma vitrine de relógios
na calçada das Casas Bahia do centro de Mauá, a vendedora ambulante Vilma Maria Barbosa da Silva, 27, aproveitou o esquema de
farsas na TV para ganhar R$ 250 e
para "realizar" o sonho de ser lojista. Ela vende relógios a R$ 10.
Vilma foi no final de agosto ao
"Ratinho Livre", ainda na Record,
interpretar o papel de uma mulher
que expulsara, da frente de sua loja, uma camelô que trabalhava em
frente ao seu estabelecimento.
Pouco mais de uma semana depois, em 9 de setembro, quando
Ratinho estreava o "Programa do
Ratinho" no SBT, Vilma voltou à
Record, para interpretar o mesmo
papel, desta vez no "Leão Livre".
A camelô diz ter sido levada aos
dois programas pela produtora
free-lancer Rosemeire Regina Ramalho, que trabalhava para Ratinho e que admite ter levado alguns
casos ao "Leão Livre".
Vilma relata que, em sua segunda aparição na TV, a produtora
Regina Ramalho levou, em sua van
Towner, pessoas ao SBT e à Record. "Ela deixou uma turma no
SBT e depois levou a gente para a
Record", recorda.
No SBT, desembarcou o pedreiro
desempregado Sebastião José de
Oliveira, que fez o papel de marido
traído.
"Na segunda vez que fui à Record, o pessoal da produção já me
conhecia e eu nem precisei ensaiar", afirma.
Vilma diz que nas duas ocasiões
brigou com sua falsa desafeta. "A
produção mandou bater nela. Ela
ficou com um galo na cabeça."
A camelô teria usado o dinheiro
para pagar o aluguel de sua casa.
²
Outro lado
Procurada pela Folha na última
quarta-feira, a produtora Regina
Ramalho não foi encontrada em
sua casa, em Mauá. Há pouco mais
de duas semanas, ela disse que não
sabia que as histórias que levava ao
SBT e à Record eram falsas.
A Record, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou desconhecer a exibição de farsas no
"Leão Livre" e que a emissora não
paga cachês a quem vai ao programa.
²
Ação
O promotor Clilton Guimarães
dos Santos, do Ministério Público
Estadual, deve concluir hoje proposta de ação indenizatória contra
a Record, o SBT, o apresentador
Carlos Massa e os patrocinadores
do "Programa do Ratinho".
Na ação, o promotor deve pedir
uma indenização de R$ 35 milhões, para um fundo comum, por
considerar que os programas de
Ratinho ferem o princípio constitucional da dignidade humana.
A ação, que traz depoimentos de
pessoas envolvidas em farsas, deve
ser proposta ao Judiciário na próxima semana.
(DANIEL CASTRO)
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