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CINEMA
Longa de Laís Bodanzky ganha seis prêmios, incluindo melhor filme; "Sinistro" repete façanha na disputa dos curtas
"Bicho de 7 Cabeças" leva tudo em Brasília
JOSÉ GERALDO COUTO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Não teve para ninguém. "Bicho
de 7 Cabeças", de Laís Bodanzky,
ganhou quase tudo no 33º Festival
de Cinema de Brasília, encerrado
anteontem à noite.
Além de ser considerado o melhor filme pelo júri oficial, pela
crítica e pelo público, o longa-metragem -que narra o drama de
um jovem internado pela família
num manicômio- faturou também os Candangos de ator (Rodrigo Santoro), fotografia (Hugo
Kovensky) e ator coadjuvante
(Gero Camilo).
Há muito tempo o Festival de
Brasília não concentrava tantos
prêmios num só filme. O júri oficial rejeitou a chamada "reforma
agrária" (distribuição diplomática de troféus entre os vários concorrentes) e optou pelo filme que
considerou mais "orgânico e consequente", segundo a justificativa
(em "off") de um jurado.
Sobrou pouco para os outros.
"Brava Gente Brasileira", de Lúcia
Murat, ficou com os prêmios de
atriz (Luciana Rigueira) e música
(Lívio Tragtemberg).
"Latitude Zero", de Toni Venturi, teve de se contentar com o
Candango de roteiro (para Di
Moretti), e "Tônica Dominante",
de Lina Chamie, com o de direção
de arte (para Ana Mara Abreu).
Os outros dois concorrentes
também ficaram com um prêmio
cada um: "O Chamado de Deus"
com o de montagem (Eduardo
Escorel) e "Minha Vida em Suas
Mãos" com o de atriz coadjuvante
(Imara Reis).
Pode-se discutir a premiação
"no varejo" (Katia Coelho talvez
devesse ganhar o Candango de fotografia por "Tônica Dominante", por exemplo), mas nenhum
dos prêmios foi, propriamente,
imerecido (veja quadro com premiados ao lado). O nível geral do
festival foi muito bom.
Nos curtas, repetiu-se quase simetricamente a consagração de
um só. O brasiliense "Sinistro", de
René Sampaio, uma comédia policial com estrutura narrativa engenhosa, levou quase tudo: melhor filme (pelo júri, crítica e público), direção e fotografia (André
Luís da Cunha), além do prêmio
da Câmara Legislativa do Distrito
Federal para melhor curta brasiliense.
Outros fortes concorrentes, como "O Sanduíche", de Jorge Furtado, e "Outros", de Gustavo Spolidoro, ficaram com troféus secundários.
Os prêmios em dinheiro, pagos
pelo Banco do Brasil, são consideráveis. "Bicho de 7 Cabeças" recebeu R$ 50 mil por ter sido o melhor filme do júri oficial e mais R$
20 mil pelo prêmio do público.
"Sinistro" ganhou R$ 15 mil pelo
júri oficial e R$ 10 mil pelo prêmio
do público.
A cerimônia de premiação, no
Teatro Nacional Claudio Santoro,
foi extremamente sóbria, ao contrário da palhaçada que ocorreu
no ano passado.
O próprio apresentador habitual do festival, o ator Eduardo
Conde, anunciou todos os vencedores com um discreto fundo
musical ao vivo, feito pelo pianista Kadu Pereira, da Cinemateca
do MAM do Rio.
Dada a concentração dos Candangos em dois filmes, não houve
grandes surpresas nem comoções. Eram sempre os mesmos
que subiam ao palco, o que implicou um alto grau de redundância
e até monotonia.
Um dos momentos mais marcantes foi a premiação do ator
coadjuvante Gero Camilo, fantástico no papel de um interno de
hospício em "Bicho de 7 Cabeças". Aplaudido de pé, Camilo
-talvez o grande nome desta edição do festival- subiu ao palco e
disse para delírio geral: "Cês tão
tudo louco".
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