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CINEMA/ESTRÉIA
"O SOBREVIVENTE"
Longa é estréia na direção do americano Daniel Minahan
Jogadores se matam em "game show"
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REDAÇÃO
"Não tenho nenhum motivo para viver, mas não quero morrer",
diz Jeffrey Norman (Glenn Fitzgerald), um dos personagens do
longa-metragem "O Sobrevivente", que estréia hoje em São Paulo.
Artista plástico com câncer, ele
não teme por causa de sua doença. Sua urgência é escapar da
morte pelas mãos de um concorrente do "game show" inventado
pelo diretor estreante norte-americano Daniel Minahan.
O jogo consiste em matar os outros concorrentes antes que eles
eliminem você. A diferença entre
os "reality shows" atuais é que
não existe prêmio para o vencedor. Apenas a liberdade.
"Eles não têm saída, são forçados a participar. Quis mostrar como somos forçados a fazer o que
não queremos. Como os gladiadores, que eram obrigados a lutar
nas arenas", diz Minahan de sua
casa, em Nova Inglaterra (EUA).
São seis participantes, apenas
um sairá ganhador. Vencedora da
última edição do "reality show",
Dawn Lagarto (Brooke Smith) está grávida e prestes a dar à luz. A
enfermeira Connie Trabbuco
(Marylouise Burke) salvava vidas.
Temente a Deus, agora vai ter de
tirá-las. A adolescente Lindsay
Berns (Merritt Wever) entra no
jogo para provar sua capacidade
aos pais. Tony Reilly (Michael
Kaycheck) está desempregado e
precisa vencer em algo na vida. O
aposentado Franklin James (Richard Venture) completa o time.
"É uma sátira. Quis fazer um jogo que fosse curioso, numa espécie de "TV tablóide", que parecesse
uma novela ou um filme de Pedro
Almodóvar", afirma o cineasta.
Minahan resume o tema do longa: "É sobre a manipulação da
realidade pela TV. É muito fácil
fazer alguém parecer do jeito que
você queira. É disso que trata o filme: das noções de realidade e verdade, com um toque de humor".
O mundo do entretenimento se
torna o poder supremo. "Não
acredito que cheguemos a tanto.
Ninguém faria uma lei que permitisse que uma pessoa matasse outra apenas para dar audiência."
Sobre a violência do longa, se
defende: "É um filme violento sobre violência. Como as pessoas
têm medo do desconhecido, tentam vivenciar a violência extrema
assistindo a filmes violentos. É
uma forma de barrar esse pavor."
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