São Paulo, sexta-feira, 30 de novembro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA/ESTRÉIA

"O SOBREVIVENTE"

Longa é estréia na direção do americano Daniel Minahan

Jogadores se matam em "game show"

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REDAÇÃO

"Não tenho nenhum motivo para viver, mas não quero morrer", diz Jeffrey Norman (Glenn Fitzgerald), um dos personagens do longa-metragem "O Sobrevivente", que estréia hoje em São Paulo.
Artista plástico com câncer, ele não teme por causa de sua doença. Sua urgência é escapar da morte pelas mãos de um concorrente do "game show" inventado pelo diretor estreante norte-americano Daniel Minahan.
O jogo consiste em matar os outros concorrentes antes que eles eliminem você. A diferença entre os "reality shows" atuais é que não existe prêmio para o vencedor. Apenas a liberdade.
"Eles não têm saída, são forçados a participar. Quis mostrar como somos forçados a fazer o que não queremos. Como os gladiadores, que eram obrigados a lutar nas arenas", diz Minahan de sua casa, em Nova Inglaterra (EUA).
São seis participantes, apenas um sairá ganhador. Vencedora da última edição do "reality show", Dawn Lagarto (Brooke Smith) está grávida e prestes a dar à luz. A enfermeira Connie Trabbuco (Marylouise Burke) salvava vidas. Temente a Deus, agora vai ter de tirá-las. A adolescente Lindsay Berns (Merritt Wever) entra no jogo para provar sua capacidade aos pais. Tony Reilly (Michael Kaycheck) está desempregado e precisa vencer em algo na vida. O aposentado Franklin James (Richard Venture) completa o time.
"É uma sátira. Quis fazer um jogo que fosse curioso, numa espécie de "TV tablóide", que parecesse uma novela ou um filme de Pedro Almodóvar", afirma o cineasta.
Minahan resume o tema do longa: "É sobre a manipulação da realidade pela TV. É muito fácil fazer alguém parecer do jeito que você queira. É disso que trata o filme: das noções de realidade e verdade, com um toque de humor".
O mundo do entretenimento se torna o poder supremo. "Não acredito que cheguemos a tanto. Ninguém faria uma lei que permitisse que uma pessoa matasse outra apenas para dar audiência."
Sobre a violência do longa, se defende: "É um filme violento sobre violência. Como as pessoas têm medo do desconhecido, tentam vivenciar a violência extrema assistindo a filmes violentos. É uma forma de barrar esse pavor."


Texto Anterior: Música: Morre Norman Granz, produtor de jazz
Próximo Texto: Crítica: Filme ultrapassa caricatura
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.