São Paulo, sexta-feira, 30 de novembro de 2001

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MODA

Em meio à crise fashion mundial, marca italiana que inovou a publicidade abre primeira filial na América do Sul

Diesel chega para "envolver" brasileiros

COLUNISTA DA FOLHA

A febre Diesel chega ao Brasil. A marca italiana que faz de um diferenciado jeanswear seu cartão de visita acaba de aportar no país, mais exatamente na esquina da Oscar Freire com a Consolação, em São Paulo. Abriu suas portas na última terça-feira, apoiada num tripé formado por números que crescem em meio à crise global da moda, numa premiada, criativa e original forma de publicidade, e por uma política de relacionamento e cumplicidade com seu público.
Com 25 anos de idade, a Diesel vendeu US$ 500 milhões em 2001, 35% a mais do que no ano passado, e triplicou o número de itens por coleção -diminuindo o número de peças de cada um. Também neste ano abriu 27 lojas, sete delas nos Estados Unidos, onde abalou a gigantesca Gap (que enfrenta declínio em vendas).
A marca teve agilidade para, logo após 11 de setembro, trocar o slogan de sua campanha, "save yourself" (salve-se), para "stay young" (permaneça jovem). Na época, "preso" numa base militar no Canadá por quatro dias, o "capo" Renzo Rosso achou que não pegava bem para os novos tempos. Mais uma vez, acertou.
"Diesel é um estado de espírito, é um estilo de vida, não tem limites", define Rosso, em entrevista. (ERIKA PALOMINO)

Folha - O que o Brasil pode acrescentar ao universo Diesel?
Renzo Rosso -
O Brasil sempre foi um dos meus maiores sonhos. Não somente é um dos maiores países do mundo, mas também um dos mais conscientes em relação à moda. Brasileiros têm muito bom gosto, muitos estilistas em ascensão e uma bem informada mídia fashion.

Folha - Você considera o Brasil um ponto estratégico para a internacionalização da marca?
Rosso -
Não acredito na Diesel como uma empresa ou marca globalizada. Para mim, Diesel é uma maneira de expressar sua própria personalidade e estou animado com a idéia de ter jovens brasileiros na empresa.

Folha - Fale um pouco a respeito dos padrões de publicidade instalados pela Diesel.
Rosso -
Como disse Phil Knight, da Nike: "Existe publicidade antes e depois da Diesel". Quebramos muitos dos preestabelecidos conceitos, como "não deboche do próprio produto" ou "use uma linguagem que todos possam entender". Quebrar tais conceitos fez a nossa força. A publicidade da Diesel não é "você tem que comprar isso ou aquilo". Contamos aos espectadores uma história engraçada, tentamos envolvê-los nela e, se conseguirmos, talvez eles fiquem curiosos para saber mais sobre nossos produtos.

Folha - A Diesel foi diretamente afetada pelos ataques de 11 de setembro. Fale um pouco sobre a sua experiência pessoal nesses acontecimentos e de como eles afetaram o cenário global da moda.
Rosso -
Em 11 de setembro, eu estava em um avião em Nova York, onde na noite passada havíamos organizado um grande evento lotado com VIPs para celebrar a inauguração de nossa nova loja em Union Square (Manhattan). Quando o atentado aconteceu, eu tinha saído há 45 minutos. Meu vôo pousou no Canadá, onde por quatro dias fiquei preso numa base militar, longe de todo o estresse. Pessoalmente acredito que já tivemos o suficiente de luxo e ostentação.

Folha - Sua marca usa o jeans como carro-chefe. Qual peça você considera mais inovadora dentro do universo Diesel?
Rosso -
Todas! A cada estação, experimentamos e desenvolvemos novos modelos, novas lavagens, novas idéias. Nunca paramos, sempre buscamos algo novo, nunca feito.


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