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CINEMA
Festival, que termina hoje na cidade, vira palanque para líderes de instituições como Geraldo Moraes e Toni Venturi
Cineastas defendem Ancinav em Brasília
TEREZA NOVAES
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Sem destoar do tom combativo
de edições anteriores, o Festival
de Brasília, que termina hoje, voltou a ser palanque, desta vez dos
defensores da Ancinav (Agência
Nacional do Cinema e do Audiovisual). Em diferentes ocasiões, os
cineastas Vladimir Carvalho e Tuna Espinheira se manifestaram favoráveis ao projeto.
Dois fatos esquentam o debate:
a formalização, na semana passada, do Fórum pelo Desenvolvimento do Audiovisual e do Cinema (FAC) -que congrega setores
da TV e do cinema contrários a
Ancinav- e a proximidade da
reunião do Conselho Superior de
Cinema, no dia 9, quando o texto
será analisado por nove ministros
e pela comissão civil responsável
pelas adaptações do projeto.
No olho do furacão está o Congresso Brasileiro de Cinema
(CBC), acusado de ser pró-Ancinav pelos integrantes do FAC.
Quatro entidades da área de exibição e o Sindicato dos Produtores do Rio de Janeiro se desligaram do congresso sob essa alegação. Ontem à tarde deveria ser
realizada uma assembléia do
CBC, em frente ao hotel onde se
realiza o festival.
Leia a seguir trechos da entrevista com o presidente do CBC,
Geraldo Moraes, e o vice-presidente da Apaci (Associação Paulista de Cineastas), Toni Venturi.
Folha - O CBC é a favor da Ancinav?
Geraldo Moraes - Desde o primeiro congresso, a parcela do cinema e do audiovisual representada faz não somente a defesa da
necessidade de regulamentar o
setor como propõe recomendações objetivas, sugerindo medidas concretas que devem ser tomadas para o fomento, a defesa e
o crescimento do setor. Em todos
os encontros, também sempre foi
colocada a necessidade de uma
instituição governamental que
coordenasse a regulamentação. E
há coisas que precisam ser corrigidas. Uma delas é a acusação de
que o CBC não estaria ouvindo as
outras vozes. Em todas as questões nós sempre escutamos todas
as entidades.
Toni Venturi - O CBC, por congregar associações dos três elos da
cadeia, produção, distribuição e
exibição, nunca se pronunciou
formalmente a favor da agência.
O congresso foi acusado de apoiá-la, mas isso é mentira. Na verdade, o documento [defendendo a
criação da Ancinav] capitaneado
por mim, por Geraldo Moraes e
por Luiz Carlos Lacerda, assinado
por 55 associações e 400 profissionais da área, foi uma iniciativa individual. O CBC não assina esse
documento. Essa foi a desculpa
para a criação do FAC.
Folha - A criação do FAC e a saída
de algumas entidades enfraquecem a representatividade do congresso?
Venturi - A existência de dois fóruns de debate demonstra uma
crise de crescimento do setor.
Moraes - Neste momento, filma-se no Brasil inteiro, em todos os
gêneros. O que faz a indústria em
qualquer país é a diversidade de
sua produção, na qual deve se encontrar um grande número de
produtos de médio consumo e
outros que se destaquem. Essa
distinção que foi criada entre o cinema industrial e o não-industrial
é falsa.
Folha - Há um temor em relação
ao possível lobby das entidades
contrárias à criação da Ancinav no
Congresso? A Frente Parlamentar
em Defesa do Cinema [instituída na
semana passada] seria um ataque
preventivo?
Moraes - Apesar de a idéia da
frente existir há muito tempo, a
viabilização agora é pelo fato da
apresentação do projeto da Ancinav. O Congresso Brasileiro de Cinema foi ouvido, mas a criação da
frente é uma iniciativa de parlamentares. Nós, produtores independentes, estamos acostumados
a fazer filme com dificuldade, sermos veiculados num mercado ridículo. Nós temos medo de perder o quê? Quem pode temer alguma coisa é quem tem espaço a
perder; e nós não temos.
A jornalista Tereza Novaes viaja a convite da organização do evento
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