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THIAGO NEY
Morrissey e Sharon Jones
Cantor britânico briga com o "NME" por causa de entrevista em que fala sobre imigração; e cantora traz frescor ao soul
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JORNAIS E revistas britânicos
costumam encartar em suas
edições CDs de artistas e bandas de música pop. O exemplo mais
contundente é Prince, cujo último
disco ajudou a vender mais de 3 milhões de exemplares do "Daily
Mail". E o exemplo mais recente -e
polêmico- é Morrissey.
O cantor, um dos melhores compositores vivos de música pop da língua inglesa, teria um novo single distribuído junto com o semanário
"New Musical Express" nesta semana. Teria porque o "NME" cancelou
a promoção, que fazia parte de sua
campanha "Love Music Hate Racism". A publicação diz que Morrissey falou coisas que não estão de
acordo com uma ação que pretende
lutar contra o racismo.
Em uma extensa entrevista para o
semanário, Morrissey diz, entre outras coisas, que "os portões da Inglaterra estão inundados. Qualquer um tem acesso a esse país". (E teve outras, como: "Se você andar por
Knightsbridge [um bairro de Londres], ouvirá todos os tipos de sotaque, menos o sotaque inglês".)
As frases motivaram o "NME" a
desistir de distribuir o single do cantor, e ganharam destaque em reportagem que é a capa da edição desta semana da publicação.
Morrissey afirma que as frases foram ditas num contexto diferente
daquele apresentado na publicação.
O autor da entrevista brigou com o
"NME" e pediu para tirar seu nome
da reportagem. A entrevista veio
num momento em que imigração é,
talvez, a questão política e social
mais delicada não apenas na Inglaterra, mas em quase toda a Europa.
Assessores de Morrissey protestaram contra a maneira como as declarações do cantor foram utilizadas
na reportagem. Para o "NME", os
comentários de Morrissey "não contribuem" para as discussões sobre
imigração. Mas devem contribuir
para impulsionar as vendas do semanário, estacionadas em pouco
mais de 60 mil exemplares.
No site www.true-to-you.net
há correspondência entre o editor
do "NME" e os assessores de Morrissey. Advogados do cantor ameaçam processar a publicação, caso
não haja um pedido de desculpas.
Amy Winehouse ajudou a jogar luz
e frescor sobre a soul music, e de
quebra iluminou uma das mais reconfortantes vozes da música negra norte-americana.
Muita da inspiração de "Back to
Black", o segundo álbum de Winehouse, veio do produtor Mark Ronson. Uma de suas grandes sacadas
foi ter chamado como banda de
apoio o grupo Dap-Kings. A banda
foi formada nos EUA nos anos 90.
Eles tocavam para vários artistas, e
numa das sessões encontraram a
vocalista Sharon Jones.
Jones apareceu tarde. Seu primeiro disco é de 2002. Neste 2007,
já com 51 anos, lançou o terceiro,
"100 Days, 100 Nights", álbum que
beira a perfeição, com canções que
remetem com classe à soul music
clássica, mas com tempero moderno. Veja se eu estou errado no
www.myspace.com/sharonjonesandthedapkings.
thiago@folhasp.com.br
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