São Paulo, sexta-feira, 30 de novembro de 2007

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THIAGO NEY

Morrissey e Sharon Jones


Cantor britânico briga com o "NME" por causa de entrevista em que fala sobre imigração; e cantora traz frescor ao soul

JORNAIS E revistas britânicos costumam encartar em suas edições CDs de artistas e bandas de música pop. O exemplo mais contundente é Prince, cujo último disco ajudou a vender mais de 3 milhões de exemplares do "Daily Mail". E o exemplo mais recente -e polêmico- é Morrissey.
O cantor, um dos melhores compositores vivos de música pop da língua inglesa, teria um novo single distribuído junto com o semanário "New Musical Express" nesta semana. Teria porque o "NME" cancelou a promoção, que fazia parte de sua campanha "Love Music Hate Racism". A publicação diz que Morrissey falou coisas que não estão de acordo com uma ação que pretende lutar contra o racismo.
Em uma extensa entrevista para o semanário, Morrissey diz, entre outras coisas, que "os portões da Inglaterra estão inundados. Qualquer um tem acesso a esse país". (E teve outras, como: "Se você andar por Knightsbridge [um bairro de Londres], ouvirá todos os tipos de sotaque, menos o sotaque inglês".) As frases motivaram o "NME" a desistir de distribuir o single do cantor, e ganharam destaque em reportagem que é a capa da edição desta semana da publicação.
Morrissey afirma que as frases foram ditas num contexto diferente daquele apresentado na publicação. O autor da entrevista brigou com o "NME" e pediu para tirar seu nome da reportagem. A entrevista veio num momento em que imigração é, talvez, a questão política e social mais delicada não apenas na Inglaterra, mas em quase toda a Europa.
Assessores de Morrissey protestaram contra a maneira como as declarações do cantor foram utilizadas na reportagem. Para o "NME", os comentários de Morrissey "não contribuem" para as discussões sobre imigração. Mas devem contribuir para impulsionar as vendas do semanário, estacionadas em pouco mais de 60 mil exemplares.
No site www.true-to-you.net há correspondência entre o editor do "NME" e os assessores de Morrissey. Advogados do cantor ameaçam processar a publicação, caso não haja um pedido de desculpas.

 

Amy Winehouse ajudou a jogar luz e frescor sobre a soul music, e de quebra iluminou uma das mais reconfortantes vozes da música negra norte-americana. Muita da inspiração de "Back to Black", o segundo álbum de Winehouse, veio do produtor Mark Ronson. Uma de suas grandes sacadas foi ter chamado como banda de apoio o grupo Dap-Kings. A banda foi formada nos EUA nos anos 90.
Eles tocavam para vários artistas, e numa das sessões encontraram a vocalista Sharon Jones. Jones apareceu tarde. Seu primeiro disco é de 2002. Neste 2007, já com 51 anos, lançou o terceiro, "100 Days, 100 Nights", álbum que beira a perfeição, com canções que remetem com classe à soul music clássica, mas com tempero moderno. Veja se eu estou errado no www.myspace.com/sharonjonesandthedapkings.

thiago@folhasp.com.br


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