São Paulo, terça-feira, 30 de novembro de 2010

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"Estreantes adoram cada fotograma"

DA ENVIADA A BRASÍLIA

"O meu filme tem Rimbaud, Debord, Eustache, arte contemporânea, tudo num curto-circuito. Eu tenho um pouco a pretensão de que num filme cabe tudo."
Foi assim que, no debate sobre "Os Residentes", Tiago Mata Machado definiu seu longa-metragem.
A frase fez os presentes balançarem, descrentes, a cabeça. Mas Sara Silveira, a produtora que mais talentos tem descoberto no cinema brasileiro, não se espantaria.
"Os primeiros filmes costumam ter muitos pensamentos. Mas você só descobre o talento quando os deixa voar", diz ela, que produziu, por exemplo, "Cinema, Aspirinas e Urubus" (2005), do primeiro filme de Marcelo Gomes, e "Os Famosos e os Duendes da Morte" (2009), de Esmir Filho.
"Algumas ideias não funcionam porque falta experiência. Às vezes eu pergunto: "Você tem certeza?". Mas se o cara insiste em deixar o filme com dez minutos a mais, vamos lá. Os primeiros filmes adoram seu fotograma. O cara adora cada fotograma rodado." Se ele aguenta, alguém mais há de aguentar.
Mas nem todos pensam assim. Marcelo Lordello teve tanto receio de abusar da paciência do público no documentário "Vigias", sobre os homens que trabalham em prédios de Recife, que, ao mostrar o filme para os amigos, perguntava de cara: "Tá chato?".
"É bobagem achar que, para ser autor, a gente tem que ignorar o público. Mas aí fiquei três anos trabalhando no material filmado." (APS)


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