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"Estreantes adoram cada fotograma"
DA ENVIADA A BRASÍLIA
"O meu filme tem Rimbaud, Debord, Eustache, arte
contemporânea, tudo num
curto-circuito. Eu tenho um
pouco a pretensão de que
num filme cabe tudo."
Foi assim que, no debate
sobre "Os Residentes", Tiago
Mata Machado definiu seu
longa-metragem.
A frase fez os presentes balançarem, descrentes, a cabeça. Mas Sara Silveira, a
produtora que mais talentos
tem descoberto no cinema
brasileiro, não se espantaria.
"Os primeiros filmes costumam ter muitos pensamentos. Mas você só descobre o talento quando os deixa
voar", diz ela, que produziu,
por exemplo, "Cinema, Aspirinas e Urubus" (2005), do
primeiro filme de Marcelo
Gomes, e "Os Famosos e os
Duendes da Morte" (2009),
de Esmir Filho.
"Algumas ideias não funcionam porque falta experiência. Às vezes eu pergunto: "Você tem certeza?". Mas
se o cara insiste em deixar o
filme com dez minutos a
mais, vamos lá. Os primeiros
filmes adoram seu fotograma. O cara adora cada fotograma rodado." Se ele
aguenta, alguém mais há de
aguentar.
Mas nem todos pensam assim. Marcelo Lordello teve
tanto receio de abusar da paciência do público no documentário "Vigias", sobre os
homens que trabalham em
prédios de Recife, que, ao
mostrar o filme para os amigos, perguntava de cara: "Tá
chato?".
"É bobagem achar que,
para ser autor, a gente tem
que ignorar o público. Mas aí
fiquei três anos trabalhando
no material filmado."
(APS)
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