São Paulo, terça-feira, 30 de novembro de 2010

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Silvio Santos empresta terreno ao Oficina

Área ao lado do teatro, disputada entre empresário e companhia desde 1980, receberá mostra de repertório

Perímetro, em que corporação já quis construir shopping e conjunto residencial, abriga estacionamento

LUCAS NEVES
DE SÃO PAULO

O Grupo Silvio Santos cedeu por 30 dias ao Teatro Oficina Uzyna Uzona, de José Celso Martinez Corrêa, a utilização do terreno em que funciona um estacionamento da corporação, ao lado da sede da companhia, na Bela Vista (região central de São Paulo).
De 17 a 20/12, o grupo realizará ali o festival Dionisíacas, com a apresentação de quatro peças de seu repertório sob uma tenda para 2.000 pessoas: "Taniko - O Rito do Mar"; "Estrela Brazyleira a Vagar -Cacilda!!"; "As Bacantes" e "O Banquete".
A área, na rua Jaceguai, é alvo de uma contenda entre as partes que se arrasta desde 1980, quando Silvio Santos tentou comprar o prédio-sede da trupe para a construção de um shopping center. Dois anos depois, o imóvel seria tombado pela Secretaria de Estado da Cultura.
O conflito prosseguiu por mais de 20 anos, até o "armistício" firmado em 2004, quando o empresário visitou a sede do Oficina. Dali adveio um acordo para que Silvio Santos erguesse um centro comercial cujo projeto arquitetônico abraçaria o Oficina e um novo teatro, em semiarena, para mil pessoas.

NOVO DESACERTO
O desenho era de autoria do arquiteto Marcelo Ferraz, que já havia trabalhado com Lina Bo Bardi (1914-1992), cocriadora do formato atual (em passarela) do Oficina.
Mas o clima voltou a azedar em 2005, depois que José Celso fez ressalvas à configuração da nova sala de espetáculos e criticou a demolição, para a construção do shopping, do imóvel em que funcionava uma sinagoga -ele pretendia instalar ali a Universidade Antropofágica.
O acordo de agora, selado num telefonema de José Celso para Silvio na última sexta, configura um empréstimo, frisa a produtora do Oficina Ana Rúbia de Melo. Segundo ela, a companhia não pensa em ocupar o terreno em caráter definitivo. "Falar em invasão agora seria um retrocesso. É impossível."
Procurado, José Celso não quis se pronunciar. Há uma semana, ele havia divulgado carta aberta ao empresário pedindo a cessão do espaço.
O Grupo Silvio Santos também ressalta que se trata de uma cessão temporária -até o fim de dezembro.


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