São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 2004

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ENTRELINHAS

Catapulta de livros

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

É consenso no universo editorial que um dos nós górdios do livro no Brasil é sua distribuição. Os livros não chegam onde devem chegar. Quando chegam, chegam caros.
Por fim algum investidor de peso resolveu tentar pôr um (luxuoso) band-aid nesta ferida.
O grupo financeiro Alana, um dos controladores da Itausa, holding da qual faz parte o banco Itaú, assumiu a empresa Fase, especializada em logística editorial, mudou sua sede para um depósito em Barueri (SP) com capacidade para 15 milhões de livros e, "not least", vai lançar na Bienal, em abril, uma grande distribuidora nacional.
A nova empresa terá como base a Superpedido, de Gerson Ramos, que tinha o maior banco de dados de preços de livros no país. "Nossa maior vantagem sobre qualquer outro concorrente será que teremos dois braços atuando juntos, um especializado em logística; outro em distribuição", diz Claudio Ventura, responsável pelos braços em questão. Os investimentos superaram os R$ 8 milhões.

PESCOÇÃO
Com 30 obras lançadas e best-sellers na algibeira a editora A Girafa tem seus exemplares em todas as grandes livrarias do país. Menos na rede Siciliano. Detalhe: Pedro Paulo de Sena Madureira, editor e sócio d'A Girafa, chefiou por 12 anos o braço editorial da Siciliano. Marcarian Martins, diretor da Siciliano, diz que uma coisa não tem nada com a outra. "São questões comerciais."

CORPO PRESENTE
Victor Hugo deu autógrafos nesta semana em SP. O autor francês do século 19 valeu-se para isso do médium Divaldo Franco, que "recebeu" dele o livro "Quedas e Ascensão". Autografou na Siciliano, que vende 46 obras do médium.

CAFÉLOSOFIA
Nomão da filosofia estruturalista, o francês Michel Serres abre as portas do Café Filosófico da livraria Cultura, versão 2004. Será dia 18 próximo.

E VAI ROLAR A FESTA
Mais dois nomes confirmados para a Festa Literária Internacional de Paraty, em julho: os brazucas Luis Fernando Verissimo e Lya Luft.

WELCOME
Em 2003 a inglesa Monica Ali publicou seu primeiro livro, "Brick Lane". Foi escolhida uma das melhores autoras do Reino Unido, pela prestigiada revista Granta, finalista do maior prêmio do país, o Booker, entre outras honrarias. Logo mais, ela chega ao Brasil. Seu livro sairá pela Rocco.

RIP
Lá se foi uma editora tradicional dos EUA. O conglomerado HarperCollins anunciou a extinção do selo Flamingo.

DIABO É BRASILEIRO
Sai neste mês nos EUA "O Diabo e a Terra de Santa Cruz", clássico recente da historiadora Laura de Mello e Souza sobre feitiçaria no Brasil colonial.

ZEN
Odete Lara, musa do teatro e cinema nos anos 50 e 60, entregou à editora Sextante a tradução de "Momento Presente, Momento Maravilhoso", do monge budista Thich Nhat Hanh, do Vietnã.

@ - elek@folhasp.com.br

FORA DA ESTANTE

Que Picasso não era bobo pintando qualquer Zé Mané daqui está de acordo. Mas a lábia esperta do mestre andaluz continua incógnita deste lado de baixo do Equador. Picasso não escreveu aos borbotões, mas publicou peças -uma delas lançada (e esgotada) no Brasil, pela L&PM-, poemas e reflexões sobre seu ganha-pão. É neste último que se encaixa o valioso livro "Propos Sur l'Art", que reúne desde a famosa "Carta sobre a Arte", texto do pintor escrito em 1926, até um acervo considerável de entrevistas dadas por ele de 1923 a 1975. Alguma editora nacional poderia aproveitar a mostra recém-aterrissada no parque Ibirapuera para importar pra cá essas conversas, afiadas como o traço do artista.


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