São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 2005

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COMIDA

Chef do restaurante Le Cirque de Nova York visita o Brasil e faz menu de degustação em SP

Circo de sabores

JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA

O restaurante Le Cirque de Nova York está fechado desde o final do ano passado. Sua reabertura, em novo endereço, acaba de ser anunciada, mas só deve acontecer lá pelo final do ano, no novo edifício Bloomberg. Ainda assim, continua sendo uma referência na cidade e fora dela, a ponto de seu chef de cozinha, o francês Pierre Schaedelin, ter se tornado uma espécie de embaixador da casa pelos Estados Unidos e pelo mundo, realizando festivais como o que acontece nesta semana, a partir de hoje até sábado, no restaurante Eau (do hotel Grand Hyatt), em São Paulo.
Embora seu patrão, Sirio Maccioni, seja um italiano da Toscana, desde que este abriu o Le Cirque, no seu primeiro endereço, no hotel Mayfair, em Nova York, sempre quis lhe dar um sotaque francês. Sendo assim, não é de estranhar que tenham passado pela cozinha da casa chefs franceses como Daniel Boulud, hoje dono de um dos mais famosos restaurantes do mundo, o Daniel -e, agora, Pierre Schaedelin.
Nascido na região francesa da Alsácia há 36 anos, Schaedelin trabalhou com alguns dos mais prestigiados chefs de sua terra, como Marc Haeberlin, do L'Auberge de L'Ill, em Illhaeusern, e Alain Ducasse, em Mônaco e em Paris.
Entrou no Le Cirque em 1999, onde realiza uma cozinha nitidamente francesa, mas com influências de seu patrão italiano, tanto em pratos como risotos e massas, como na escolha de uma cozinha mais do sul da França, que se aproxima da italiana e da região do Mediterrâneo, mais partidária do azeite do que dos cremes e da manteiga.
Para o Brasil -país que não conhecia-, Schaedelin escolheu pratos em comum acordo com o chef do Eau, Pascal Valéro, respeitando os ingredientes disponíveis. Schaedelin começou a trabalhar na segunda-feira, quando aportou na cidade, e já foi para a cozinha.
Nesse mesmo dia, conversou com a Folha:

 

Folha - Você sempre trabalhou para proprietários de restaurante que também são os chefs de cozinha, como Ducasse. Como é agora a experiência de ter como patrão um restaurateur como Maccioni, que não é chef?
Pierre Schaedelin -
De fato há uma grande diferença. Uma diferença positiva é que o fato de ele não ser um chef me dá uma grande liberdade de criar. Posso buscar caminhos com inventividade sem grandes amarras nem ordens predeterminadas. Mas há também o lado difícil, pois ele, às vezes, pede coisas complicadas sem se dar conta de que não são muito viáveis.

Folha - E o fato de ele ser italiano complica também?
Schaedelin -
[rindo] Não, não... Maccioni é um grande gourmet, adora comer e conhece muito de cozinha. Além do mais, ele adora a cozinha francesa, inclusive a cozinha clássica, embora no restaurante façamos uma cozinha clássica mais leve e atual.

Folha - E cozinhar para norte-americanos foi muito diferente diante de sua experiência construída na Europa?
Schaedelin -
O impacto não foi tão grande. Do ponto de vista dos ingredientes, trabalhar em Nova York é uma tranqüilidade, pois há produtos do mundo todo e que chegam na mesma hora que em seus países de origem, sejam trufas ou seja um cabrito francês. Com relação aos clientes de um restaurante como o Le Cirque, também não há muita diferença, eles são informados e exigentes. A grande diferença em relação ao público europeu é que o norte-americano come mais rápido.


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