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Astro da chanchada, Ankito
morre aos 84
Corpo do comediante, que fez 32 filmes e se consagrou por atuações com Grande Otelo, será enterrado hoje no Rio
Nascido em 1924 no Brás, em
São Paulo, Anchizes Pinto se tornou um dos maiores humoristas
do cinema nos anos 50
João Miguel Júnior/TV Globo
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O ator em "Carga Pesada" (2006) |
DA SUCURSAL DO RIO
Dois meses após o lançamento de sua primeira biografia,
Ankito, um dos maiores comediantes brasileiros, morreu ontem no Rio, aos 84 anos, de
complicações decorrentes de
um câncer no pulmão.
Ele se tratava havia um ano e
cinco meses e se sentiu mal no
domingo. Foi levado para o
hospital Pedro Ernesto, em Vila Isabel, na zona norte, onde
morreu às 10h40. Seu corpo será sepultado hoje, às 11h, no cemitério do Catumbi.
Nascido em 1924 no Brás, em
São Paulo, Anchizes Pinto herdou do pai -conhecido como o
palhaço Faísca- o nome e a vocação para o circo. Sua mãe,
Thomazina, também se tornou
artista para acompanhar o marido, e o menino Tito, como era
chamado, cresceu no picadeiro.
Aprendeu logo os segredos
das acrobacias, sobre bicicletas
ou usando o próprio corpo, e
foi, para muitos que o viram,
um dos grandes acrobatas de
seu tempo, tendo feito até o número do globo da morte no circo. Sob o codinome Andy, fez
duplas famosas com Vick (o italiano Vico Tadei) -brilhando
no Cassino da Urca, no Rio- e
Mory (Omar Savalla Baxter).
Graças a seu talento como
acrobata, apresentou-se na Argentina e na Europa, mas foi no
Brasil mesmo, e como ator, que
Ankito (já com este nome dado
por Juan Daniel, pai de Daniel
Filho) se consagrou. Chamou a
atenção em números cômicos,
no teatro, e em 1952 estreou no
cinema.
Começou logo com um sucesso, "É Fogo na Roupa"
(1952), com direção de Watson
Macedo. Fez outros trabalhos
notórios nos anos seguintes,
como "Quem Roubou Meu
Samba?" (1959), de José Carlos
Burle, mas atingiu seus maiores momentos ao formar dupla,
na Herbert Richers, com Grande Otelo, que saíra da Atlântida.
Entre 1957 e 1961, eles fizeram dez filmes juntos, como
"Metido a Bacana" (1957), "De
Pernas pro Ar" (1957) e "Pé na
Tábua" (1957). Ainda trabalhariam juntos em 1975, em "Ladrão de Bagdá, o Magnífico".
"Ele era um artista completo.
Ankito fazia um humor puro,
sem grosserias. Quando vejo
um filme dele, eu vejo pureza. É
uma graça gostosa de se ver",
disse ontem a terceira mulher,
Denise Casais Lima Pinto, 48,
autora da recém-lançada biografia "Ankito - Minha Vida...
Meus Humores", da Funarte.
Segundo ela, o marido, que
fez 32 filmes, sentia falta do cinema. Mas nunca deixou por
muito tempo de atuar no teatro
e na televisão. Na Globo, fez novelas e séries como "Gina", "A
Sucessora", "Engraçadinha" e
"Alma Gêmea", e nos últimos
anos atuou no humorístico
"Zorra Total".
"Meu pai era um brincalhão e
gostava de levar a gente para
acompanhar as filmagens", disse ontem Mônica Godoy Pinto,
uma das filhas de Ankito.
Ankito teve três filhos e também deixa oito netos.
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