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comentário
Humor físico nasceu nos anos de picadeiro
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O talento cômico, o apelido no diminutivo e uma certa semelhança física condenaram Ankito a ser visto como uma espécie de sucedâneo de Oscarito, o grande astro das chanchadas, do qual
foi, na verdade, um concorrente mais jovem. Nos anos
50, quando Oscarito brilhava
na Atlântida, Ankito chegou
ao cinema estrelando comédias de outras produtoras.
Sua formação tinha sido rica e variada no ramo dos espetáculos populares. Nascido no circo, filho e sobrinho
de palhaços, fez de tudo no
picadeiro. Daí passou aos
shows musicais em cassinos
e ao teatro de revista, mas
sempre mantendo um forte
componente físico, acrobático, em suas performances.
Foi essa comicidade dinâmica, atlética e espontânea
que ele levou ao cinema, trabalhando sobretudo em comédias de Watson Macedo
(que o lançou em "É Fogo na
Roupa", em 1952), J.B. Tanko e Victor Lima. Pode-se
identificar em Ankito um
humor circense que teria como representantes, posteriormente, um Walter Stuart
e um Renato Aragão.
Por depender muito da
movimentação física para a
eficácia de suas atuações,
Ankito acabou abreviando
sua carreira depois de um
grave acidente durante as filmagens de "Um Candango
na Belacap" (1960), de Roberto Farias, quando caiu de
um prédio em construção.
Tinha apenas 37 anos na
época, mas depois disso só
foi protagonista (ao lado de
Grande Otelo e Ronald Golias) na comédia "Os Três
Cangaceiros" (1961), com direção de Victor Lima.
Homenagens
Suas participações posteriores no cinema foram em
papéis secundários, quase
sempre homenagens a ele e à
chanchada, como em "Brás
Cubas" (1990), filme dirigido
por Julio Bressane, e "O Escorpião Escarlate" (1993), de
Ivan Cardoso.
Contracenou diversas vezes com Grande Otelo, entre
elas em "Um Candango..." e
"Os Três Cangaceiros". Mas
com Oscarito nunca trabalhou no cinema. Atuou com
algum sucesso em novelas e
minisséries de televisão e
chegou a comandar um programa na TV Bandeirantes, o
"Show do Ankito".
No cinema, seu auge durou
menos de uma década, da estreia em 1952 à retirada precoce em 1961. Foi o suficiente para deixar marcas na história do humor audiovisual
brasileiro.
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