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Crítica/ "Congratulations"
MGMT se perde em disco psicodélico
Em seu segundo álbum, a dupla norte-americana tenta afastar o lado pop que ganhou graças a sucessos como "Kids"
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Em shows, a dupla/ banda MGMT dividia-se
em duas partes: uma
bem pop, puxada por refrãos
fortes de faixas irônicas e agridoces como "Kids" e "Time to
Pretend", e outra progressiva,
feita por músicas longas, lentas.
É um díptico criado para o álbum de estreia e que se estendeu nas apresentações ao vivo.
Bem, não há mais ironias, arranjos agridoces e nem incursões progressivas no MGMT-fase 2. "Congratulations", que
será lançado no Brasil no final
de abril, deita em uma cama
psicodélica durante nove faixas, sem qualquer instante melodicamente imediato, que seja
facilmente digerível.
Se "Oracular Spectacular"
(2007), o primeiro disco, era
como uma animada festa entre
amigos, "Congratulations" é
sua ressaca, os excessos da noite anterior tomando conta.
O núcleo do MGMT é formado pelo vocalista Andrew
VanWyngarden e pelo tecladista Ben Martin Goldwasser. No
estúdio e ao vivo, eles são escudados por outros três músicos.
Para ajudá-los a formatar o
primeiro álbum, eles chamaram Dave Fridmann, conhecido por produzir discos sublimes com o Flaming Lips.
Mudaram o rumo em "Congratulations". Escalaram como
produtor do disco Pete Kember, ex-integrante da banda
britânica Spacemen 3, e como
vocal de apoio, Jennifer Herrema, ex-Royal Trux.
Herrema está em "Flash Delirium", primeira música do álbum a ser divulgada. É uma
porta de entrada ao disco, com
arranjo complexo, formado por
detalhes criados por sintetizadores e até pelo vocal.
Há ainda duas referências explícitas: a Brian Eno e a Dan
Treacy. O primeiro dá título a
uma das faixas mais vibrantes
do álbum; o segundo, da banda
pós-punk cult Television Personalities, está na depressiva
"Song for Dan Treacy".
Há muito do Pink Floyd psicodélico em "Congratulations",
como na faixa "Lady Dada's
Nightmare", que parece querer
nos levar por um labirinto.
"Congratulations" é um disco pretensioso, mas há momentos em que a pretensão é
oca, como nos 12 minutos titubeantes de "Siberian Breaks". A
música vai do folk ao glam rock,
do psicodélico ao funk, mas não
convence em nenhum deles.
Pode-se dizer -e a dupla já
disse isso- que "Congratulations" é um disco para ser ouvido por inteiro, em que as nove
faixas se completam. Talvez.
Mas tirando alguns momentos
brilhantes, como em "Brian
Eno", "Congratulations" não se
sustenta com firmeza. Parece
que o MGMT se cansou de ver
gente pedindo "Kids" em seus
shows. Quiseram fazer um disco "adulto". Faltou estofo.
CONGRATULATIONS
Artista: MGMT
Lançamento: Sony
Quanto: a definir (o lançamento no
Brasil ocorre no final de abril)
Avaliação: regular
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