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DEBATE
Obra do diretor baiano, morto em 81, foi analisada após a exibição de quatro curtas
Evento lembra 60 anos de Glauber
free-lance para a Folha
O evento
"Curta Glauber
Rocha", que
aconteceu em
São Paulo na sala 4 do Espaço
Unibanco, às
11h do último
dia 13, exibiu quatro curtas-metragens e concluiu em debate a importância da visão histórica que o
diretor baiano tinha sobre o Brasil.
Promovido pela Folha, Canal
Brasil e Espaço Unibanco de Cinema, a mesa-redonda recebeu Carlos Augusto Calil, professor de cinema da ECA/USP, Lúcia Rocha,
mãe do diretor, e Wilson Cunha,
crítico de cinema e diretor das
emissoras Multishow e Canal Brasil. A mediação foi da articulista da
Folha Lúcia Nagib.
Os filmes apresentados -"O Pátio" (1959), "1968" e "Maranhão
66", de Glauber, e o documentário
"A Mãe", de Fernando Beléns e
Umbelino Brasil- serviram como
"pretexto" para que se discutisse a
contribuição ao cinema do diretor
baiano, que faria 60 anos no dia 14.
"Maranhão 66" foi um filme de
encomenda que Glauber rodou
naquele ano sobre a candidatura
de José Sarney ao governo maranhense. Carlos Augusto Calil salientou que, apesar de oficial, o filme tem várias contradições, agradando não só os partidários de
Sarney como aqueles que sabiam
que suas promessas de progresso
no Estado não se concretizariam.
Calil salientou que "Deus e o
Diabo na Terra do Sol" e "Terra
em Transe" foram seus melhores
filmes porque tinham linguagem
própria e base histórica e cultural
fortes. Mais tarde, quando o diretor tentou levar seu modelo para a
África, não possuía o historicismo
daquele continente, perdendo a
contundência da fase brasileira.
E "O Pátio" -seu primeiro filme- é, para Calil, uma obra interessante, que mostra "um jovem
cineasta que ainda não entendia
ele próprio".
Já Lúcia Rocha, emocionada no
início de sua explanação, reclamou da crise financeira que o museu Templo Glauber, no Rio de Janeiro, vem passando. Segundo ela,
muitos dos documentos escritos
pelo próprio Glauber estão em deterioração.
Wilson Cunha lembrou o Glauber dos anos 60 e a força de seus
personagens, como o matador de
cangaceiros Antônio das Mortes.
Segundo Calil, o que ficou como
legado da obra de Glauber é como
uma esfinge que diz "decifra-me
ou te devoro". "Ainda somos devorados (pela miséria, atraso e violência) e, enquanto não pudermos
decifrar o legado do diretor, ele
nos perseguirá para lembrarmos
de nossa miséria moral e política",
concluiu.
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