Mostra que começa hoje em SP traz 33 títulos do cineasta e um documentário de dois amigos sobre sua vida e obra

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Cena de "Berlim Alexanderplatz", filme que terá exibição na mostra "Fassbinder 55 Anos"

Fassbinder inédito na primeira e na terceira pessoas. Com dois títulos jamais exibidos no Brasil -"Nora Helmer", realizado pelo cineasta em 1973, e "Rainer Werner Fassbinder", documentário sobre o diretor captado por Florian Hopf e Maximiliane Mainka em 1977-, começa hoje em São Paulo a mostra "Fassbinder 55 Anos", que exibirá um total de 34 filmes até o dia 18 de junho.
"Fassbinder 55 Anos" é uma alusão à irrealizada hipótese de haver sido outra a história daquele 10 de junho de 1982, quando o diretor alemão demitiu-se da vida, aos 37 anos.
Senhor de uma urgência artística incomum, até a overdose daquele junho, deixou realizados 45 filmes, além de ter seu nome envolvido em outras tantas produções -como ator, inclusive- no teatro e na TV.
Embora sejam poucos os anos que distanciam a conclusão de sua obra desse suposto aniversário (Fassbinder nasceu em 31 de maio de 1945), o produtor cinematográfico Bernardo Vorobow, curador da mostra, acha que já é tempo mais que suficiente para conceder de uma vez por todas ao diretor alemão a condição de clássico do cinema mundial.
E não um clássico qualquer. "Se alguém assistisse a "Nora Helmer" sem ser avisado de que se trata de um filme de Fassbinder, certamente desconfiaria estar diante de uma realização sua. A união rigorosa e profundamente pessoal que ele promoveu entre cinema e teatro me parece inconfundível", diz Vorobow.
A mostra "Fassbinder 55 Anos" começou a ser organizada em dezembro passado, pela Associação Cultural Babushka, a Cinemateca Brasileira e o Instituto Goethe de São Paulo, com o objetivo de promover "a mais completa programação possível" em torno do nome do cineasta, segundo afirma o produtor.
Além dos dois filmes de abertura, chega da Alemanha também "Deu a Louca no Senhor R". Terminada a mostra, as cópias emprestadas retornarão ao seu país de origem.

Documentário
"Rainer Werner Fassbinder", o documentário, é definido por Vorobow como um retrato de "Fassbinder de perto". "Hopf e Minka foram amigos que o acompanharam durante muitos anos. Tinham horas e horas de material e o editaram em 30 minutos, por sugestão de outras pessoas do círculo de conhecidos do cineasta", diz o curador. No filme, o cineasta concede ao jornalista Hopf uma entrevista informal, em que fala da vida estirado sobre a grama.
"Nora Helmer" tem Margit Carstensen, Lilo Pempeit e Ulli Lommel no elenco. Baseado em "Casa de Bonecas", de Ibsen, confere outro viés à personalidade da mulher chantageada pelo empregado do marido banqueiro.
Constam ainda da programação de "Fassbinder 55 Anos" títulos conhecidos como "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant", 1972, "Eu Só Quero que Vocês me Amem", 1976, "Lola", 1981, e seu testamento cinematográfico "Berlim Alexanderplatz", com a atriz-fetiche Hanna Schygulla, que o festival exibe na versão para TV, com 15 horas, divididas em capítulos de 60 minutos cada.