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RELÂMPAGOS
A ceia
JOÃO GILBERTO NOLL
Súbito, aquilo que lhe renderia todo um livro curvou-se
à areia em que ele apenas deveria pisar... Aquilo que deveria se apropriar das páginas,
como de um golpe, retraiu-se... "O que houve, Zé?", perguntei-lhe com cuidado, nós
dois saindo da padaria com
baguetes quentinhas contra o
peito, como se precisássemos
delas pra seguir para o norte,
lá, onde não teríamos mais
que cobrir com comentários
essas pausas nas quais o pensamento de um engrenava de
graça na mente do outro...
Ambos saíam da padaria pra
comer o pão à beira do mar
que norte nenhum deveria
supor -mar castanho, pano
de fundo daquela amizade
quase em relevo sob a lua,
quase furta-cor. De longe
olhei o pequeno ponto em
luz: o melhor de mim fugia
nele... E se esvaía pouco a
pouco... enfim...
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