São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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PERSONALIDADE

Escritor, autor de "Ai, que Saudades da Amélia", havia sido internado no início do ano com enfisema pulmonar

Ator e compositor Mário Lago morre aos 90

Acervo "Última Hora"
O ator Mário Lago, que morreu ontem no Rio, em cena do filme "Balada dos Infiéis", de 1970, do diretor Geraldo Santos Pereira


DA SUCURSAL DO RIO

O escritor, ator e compositor Mário Lago morreu no início da noite de ontem, no Rio, aos 90 anos. Militante político, vinculado durante cerca de 50 anos ao Partido Comunista Brasileiro, o co-autor de "Ai, que Saudades de Amélia", uma das composições mais famosas do Brasil, morreu em casa, por volta das 18h30, de falência múltipla dos órgãos.
Por causa de um enfisema pulmonar, Mário Lago havia ficado internado de 15 de fevereiro a 12 de março no hospital Samaritano, no Rio. Transferido para casa, em Copacabana (zona sul), foi mantido sob cuidados médicos permanentes e respirava com a ajuda de aparelhos.
"Foi uma morte tranquila, ao lado da família, como ele desejava", disse Pedro Lago Carneiro, um dos nove netos do artista.
Segundo o filho Antônio Henrique Lago, 54, o enfisema levou à falência múltipla dos órgãos. Ontem, no fim da tarde, Mário Lago teve uma queda brusca de pressão e morreu em seguida. Ele tinha cinco filhos e era viúvo de Zeli Cordeiro Lago, filha do dirigente comunista Henrique Cordeiro, morta há quatro anos.
Nos últimos dias, amigos do artista estavam organizando um show cuja renda ajudaria a pagar despesas médicas. "A nossa cultura fica um pouco mais pobre. É mais um talento que se vai", disse o compositor Nelson Sargento, 77, da Velha Guarda da Mangueira, que participaria do evento.
O corpo de Mário Lago começaria a ser velado às 23h de ontem, no teatro João Caetano, na praça Tiradentes, no centro do Rio.
O enterro está programado para hoje, às 16h, no cemitério São João Batista (bairro de Botafogo, zona sul do Rio).
Filho do maestro Antônio Lago e de Maria Vicencia Lago, Mário Lago se formou em direito, mas exerceu a profissão durante apenas três meses. Em 1933, começou a escrever textos para o teatro de revista e, a partir daí, trabalhou no rádio, no cinema e na TV. Publicou três livros de memórias.
O artista se manteve em atividade até pouco antes de sua internação, em fevereiro. Participou da novela "O Clone", da Globo, na qual fez o doutor Molina, um médico que já havia interpretado em "Barriga de Aluguel", de 1990.



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