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Nogueira explora amor sem freio em peça
DA REPORTAGEM LOCAL
Escrever sobre o amor é "enfrentar a desordem da linguagem", sentencia o teórico francês Roland Barthes, autor de
"Fragmentos de Um Discurso
Amoroso".
Barthes (1915-1980) é citado
na 18ª peça de Alcides Nogueira, que fala desavergonhadamente de amor e põe fim ao que
o dramaturgo chama de fase de
preocupação literária com o
discurso moderno, epicentro
de "Pólvora e Poesia" (2001),
por exemplo.
"A Javanesa" é também o
discurso moderno, mas já praticado, não mais estudado, referenciado", diz Nogueira, 57.
Com direção de Marcio Aurélio (de "Agreste") e protagonizado por Leopoldo Pacheco
-artistas presentes em "Pólvora e Poesia"-, o monólogo "A
Javanesa" inicia temporada no
sábado, no teatro Jaraguá.
Em seu primeiro solo no teatro, Pacheco depara com a peculiaridade de interpretar quatro vozes, um homem e uma
mulher respectivamente em
momentos distintos da vida:
aos 25 anos, quando se conhecem; e aos 55 anos, no reencontro -acerto com os ponteiros
do tempo, a revolver lembranças e enfrentar a finitude.
"Mais difícil que a transição
vocal e corporal de um personagem para outro é expressar
simultaneamente a consciência dos 25 anos e a dos 55 anos",
diz Pacheco, 46.
A ação acontece ao mesmo
tempo em vários locais e épocas da vida dos dois. "Ele e ela
jogam com assertivas próprias,
pontos de vistas diferentes para
a mesma situação", avalia o
dramaturgo.
São "monólogos" que discorrem sobre a relação, a vida, a
chuva, os objetos da casa, as expectativas e frustrações. Há um
hiato de 30 anos entre o primeiro encontro do homem que
entrega um buquê de flores à
mulher que não conhece, mas
trata por Javanesa. Ela está
sempre cantarolando "La Javanaise", do cantor e compositor
francês Serge Gainsbourg
(1928-1991).
A trilha do espetáculo (por
Fernando Esteves) inclui o
próprio intérprete e uma versão com Rita Lee. "Nós nos
amamos/ Durante uma canção", diz um trecho.
"Até que ponto eles também
não estão sonhando?", diz Nogueira, expondo outras leituras
do texto.
(VS)
A JAVANESA
Quando: pré-estréia amanhã, às
21h30, para convidados; temporada a
partir de sáb., às 21h, sex., às 21h30,
sáb., às 21h, e dom., às 19h
Onde: teatro Jaraguá (r. Martins Fontes, 71, tel. 0/xx/11/3255-4380)
Quanto: R$ 10 (sex.) e R$ 40
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