São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2007

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Nogueira explora amor sem freio em peça

DA REPORTAGEM LOCAL

Escrever sobre o amor é "enfrentar a desordem da linguagem", sentencia o teórico francês Roland Barthes, autor de "Fragmentos de Um Discurso Amoroso". Barthes (1915-1980) é citado na 18ª peça de Alcides Nogueira, que fala desavergonhadamente de amor e põe fim ao que o dramaturgo chama de fase de preocupação literária com o discurso moderno, epicentro de "Pólvora e Poesia" (2001), por exemplo.
"A Javanesa" é também o discurso moderno, mas já praticado, não mais estudado, referenciado", diz Nogueira, 57. Com direção de Marcio Aurélio (de "Agreste") e protagonizado por Leopoldo Pacheco -artistas presentes em "Pólvora e Poesia"-, o monólogo "A Javanesa" inicia temporada no sábado, no teatro Jaraguá.
Em seu primeiro solo no teatro, Pacheco depara com a peculiaridade de interpretar quatro vozes, um homem e uma mulher respectivamente em momentos distintos da vida: aos 25 anos, quando se conhecem; e aos 55 anos, no reencontro -acerto com os ponteiros do tempo, a revolver lembranças e enfrentar a finitude. "Mais difícil que a transição vocal e corporal de um personagem para outro é expressar simultaneamente a consciência dos 25 anos e a dos 55 anos", diz Pacheco, 46.
A ação acontece ao mesmo tempo em vários locais e épocas da vida dos dois. "Ele e ela jogam com assertivas próprias, pontos de vistas diferentes para a mesma situação", avalia o dramaturgo. São "monólogos" que discorrem sobre a relação, a vida, a chuva, os objetos da casa, as expectativas e frustrações. Há um hiato de 30 anos entre o primeiro encontro do homem que entrega um buquê de flores à mulher que não conhece, mas trata por Javanesa. Ela está sempre cantarolando "La Javanaise", do cantor e compositor francês Serge Gainsbourg (1928-1991).
A trilha do espetáculo (por Fernando Esteves) inclui o próprio intérprete e uma versão com Rita Lee. "Nós nos amamos/ Durante uma canção", diz um trecho. "Até que ponto eles também não estão sonhando?", diz Nogueira, expondo outras leituras do texto.
(VS)


A JAVANESA Quando: pré-estréia amanhã, às 21h30, para convidados; temporada a partir de sáb., às 21h, sex., às 21h30, sáb., às 21h, e dom., às 19h
Onde: teatro Jaraguá (r. Martins Fontes, 71, tel. 0/xx/11/3255-4380)
Quanto: R$ 10 (sex.) e R$ 40



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