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Seriado "Em Terapia" coloca protagonista para sofrer
Vivido pelo ator Gabriel Byrne, psicólogo enfrenta processo judicial, solidão e crises profissionais na segunda temporada, que estreia amanhã na TV paga
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
O psicólogo Paul Weston
(Gabriel Byrne) está encrencado. Após ter se apaixonado por
uma paciente, se separado da
mulher e se envolvido com a
morte de um herói de guerra, se
muda para o Brooklyn, em Nova York, buscando recomeçar
na vida pessoal e na carreira.
Nem por isso os problemas
dão trégua nesta segunda temporada, que estreia amanhã na
HBO. O pai do soldado morto
acha seu novo escritório e entra
com um processo de US$ 20
milhões contra o médico por
negligência -com a qual ele, no
fundo, concorda. Sua capacidade de julgamento emocional é
colocada em xeque.
Quando procura uma firma
de advocacia para se defender,
reencontra Mia (Hope Davis),
ex-paciente que ele abandonou
há anos, durante uma crise da
vida dela. Autodestrutiva, se
culpando por não ter marido
nem filhos e se considerando
"uma fracassada de sucesso",
ela será sua salvação ou ruína?
Recém-divorciado, ele ainda
enfrenta um espelho do casamento frustrado nos relatos de
Oliver, um tímido menino de 12
anos diante da separação -e
frequentes brigas- dos pais.
Aos 53 anos, Paul atende
também um empresário bem-sucedido com ataques de ansiedade e uma jovem de 23 anos
com um linfoma em estágio
avançado que ela esconde de
toda a família e dos amigos.
"Em Terapia" já rendeu um
Globo de Ouro para Byrne e deriva de um programa israelense, cujo formato o canal HBO
comprou para reproduzir nos
EUA. Exibida de segunda a sexta, reúne 35 episódios divididos
em quatro sessões semanais
com personagens fixos. Na sexta, é a vez de o psicólogo revelar
suas dúvidas e fraquezas em terapia com Gina (Dianne Wiest).
Produzida por Rodrigo Garcia, filho de Gabriel Garcia
Márquez, a série se segura toda
nos diálogos, já que não há nenhuma ação que se desenrole
fora do consultório. Os personagens não se transportam para os eventos que descrevem
nem há flashbacks. A câmera
funciona como um fio condutor para a história, focalizando
reações, a fluência da conversa
e a sensação do ambiente, cada
vez que um personagem adentra na sala do médico.
Nada de relação cristalina.
Eles às vezes mentem ou mascaram alguns atos e o próprio
analista quebra os limites éticos de sua profissão. Como já
bem mostrava "Huff" (2004),
com Hank Azaria no papel
principal -que coincidentemente também tinha o terror
de um paciente morto-, faz
tempo que superamos a necessidade de ver seriados assépticos e honestos. A dubiedade na
trama é mais interessante.
Após terminar um período
regrado de casado e carreira estabilizada, Paul está mais inseguro, com pacientes novos e
problemas que parecem refletir o inferno astral da sua vida
real. Em ritmo intenso e diário,
ele vai desnudar seus medos
diante dos nossos olhos de voyeur. Vai sofrer e duvidar de si
mesmo. E vamos gostar de ver.
EM TERAPIA - 2ª TEMPORADA
Quando: estreia amanhã, às 21h30, na
HBO (de seg. a sex., sempre às 21h30)
Classificação: não indicada a menores
de 14 anos
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